O aumento dos relatos de estupro e violência sexual contra mulheres e crianças ucranianas deve ser investigado de forma completa e independente para garantir a responsabilização, disse Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres, nesta segunda-feira (11).

“A combinação de deslocamento em massa com a grande presença de recrutas e mercenários e a brutalidade exibida contra civis ucranianos levantou todas as bandeiras vermelhas”, disse Bahous.

Mais tarde, ela acrescentou que também há um risco aumentado de tráfico de pessoas nas passagens de fronteira, com mulheres jovens e adolescentes desacompanhados em risco particular. Bahous estava se dirigindo ao Conselho de Segurança da ONU em Nova York após seu retorno da Moldova, onde observou a resposta humanitária em abrigos temporários erguidos para pessoas que fogem da Ucrânia. Há cerca de 95 mil ucranianos abrigados na Moldova até o momento, disse Bahous.

A ONU Mulheres, uma entidade das Nações Unidas dedicada a promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, está trabalhando com equipes de resposta a refugiados e equipes da sociedade civil na Moldova “para garantir que a natureza de gênero desta crise seja abordada com uma resposta sensível ao gênero”.

Bahous enfatizou a necessidade imperiosa de ter uma resposta humanitária “sensível ao gênero“, incluindo “serviços para fornecer com foco na proteção e para lidar com o aumento das necessidades de trauma e apoio psicossocial”.

“A resposta sensível ao gênero e centrada no sobrevivente deve estar no centro de toda ação humanitária”, disse Bahous. Ela acrescentou que, apesar de toda a violência, “as mulheres continuam servindo e liderando suas comunidades e apoiando os deslocados internos.”

“As mulheres representam 80% de todos os profissionais de saúde e assistência social na Ucrânia, e muitas delas optaram por não evacuar”, disse Bahous. “Ouvi de mulheres nos abrigos que elas também estão assumindo papéis de liderança e apoiando a resposta aos refugiados nos países anfitriões.”

Apesar disso, Bahous disse que as mulheres permanecem em grande parte ausentes de qualquer esforço de negociação atual. Ela pediu ao Conselho de Segurança da ONU e a todos os estados membros da ONU que “garantissem a participação significativa de mulheres e meninas, inclusive de grupos marginalizados, em todos os processos de tomada de decisão, paz, diplomacia e humanitários. Sem isso, não teremos paz, desenvolvimento ou segurança humana.”

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil