Dwayne Johnson

Crédito, Getty Images

  • Author, Paul Glynn
  • Role, Repórter de entretenimento
  • 5 abril 2023

O ator Dwayne Johnson anunciou que uma versão live action do filme de animação Moana – Um Mar de Aventuras (2016), da Disney, está em andamento.

O astro americano, conhecido como The Rock, revelou o projeto em um vídeo gravado em uma praia da ilha O’ahu, no Havai, ao lado das filhas.

Johnson, que dublou o semideus Maui na animação, tuitou que estava “profundamente grato” por ajudar a reproduzir a “bela história de Moana”.

A atriz que deu voz à Moana na versão original, Auliʻi Cravalho, também estará envolvida.

Ela postou um link para um artigo da revista online Deadline em sua conta do Instagram, que diz que ela e Johnson vão atuar como produtores executivos do projeto.

Ambientado na ilha polinésia de Motunui, Moana conta a história de uma adolescente aventureira, que embarca em uma ousada missão para salvar seu povo, com a ajuda de Maui.

Fazendo referência à história de seus próprios ancestrais, Johnson acrescentou:

“Esta história é minha cultura e é emblemática da graça, mana (conceito polinésio relacionado à força espiritual) e força guerreira do nosso povo.”

No vídeo, postado na noite de segunda-feira (03/04), Johnson explicou como “o espírito do meu falecido avô, o chefe supremo Peter Maivia” o “inspirou” a dar vida ao personagem.

Ele falou como se sentia “honrado” por ter a chance de trabalhar com a Disney novamente para “contar nossa história por meio do reino da música e da dança, que é na essência quem somos como povo polinésio”.

A animação Moana – Um Mar de Aventuras foi um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de US$ 645 milhões em todo o mundo, e recebeu uma indicação ao Oscar de melhor filme de animação.

Apenas sete anos depois do lançamento do filme original, o projeto de remake deixou alguns fãs nas redes sociais se perguntando se a Disney não estaria “indo rápido demais”.

Por que há tantos remakes da Disney?

Desde a década de 2010, você deve ter reparado que a Disney refez uma série de versões de clássicos animados, usando atores em carne e osso – e fazendo sucesso nas bilheterias.

Remakes de Alice no País das Maravilhas, A Bela e a Fera, Aladdin e o Rei Leão arrecadaram mais de US$ 1 bilhão.

E também há muitos outros remakes em andamento, incluindo Hércules, Peter Pan & Wendy e Mufasa – O Rei Leão, focado na história do pai de Simba.

Agora, no entanto, com títulos mais recentes como Moana e Lilo & Stitch, estamos começando a ver o mesmo modelo sendo aplicado a produções do século 21, de acordo com a crítica de cinema Helen O’Hara.

“Acho que Moana foi um ótimo filme, foi um sucesso de bilheteria, e você tem essas duas estrelas incrivelmente carismáticas que ainda estão na idade certa e com a aparência certa para voltar e interpretar seus papéis novamente”, diz ela à BBC News.

Imagem promocional do filme de animação Moana

Crédito, Disney

Moana – Um Mar de Aventuras conta a história de uma adolescente aventureira, que embarca em uma ousada missão para salvar seu povo, com a ajuda do semideus Maui

“Então, nesse sentido, entendo o apelo de fazer agora, mas é inusitado porque é um intervalo bem mais curto entre o filme de animação e o remake de live action do que já vimos anteriormente.”

O’Hara acredita que a maioria dos remakes de live action, na verdade, não precisa existir, mas afirma que alguns dos melhores ao longo dos anos — como Cinderela, Mogli – O Menino Lobo e Dumbo — acrescentaram genuinamente algo às versões originais.

E embora a principal motivação para o negócio seja, sem dúvida, o dinheiro, ela enfatiza, os criadores envolvidos geralmente querem fazer o melhor filme possível.

“Há duas coisas diferentes acontecendo: as pessoas que tomam as decisões e dão o sinal verde só veem o dinheiro. As pessoas que fazem os filmes — os diretores, produtores, roteiristas, o elenco — almejam com frequência criar algo grandioso, eu acho, toda vez que se propõem”, explica.

“Eles querem fazer uma live action de Moana ou uma live action do Rei Leão, ou qualquer uma que seja, incrível.”

“Mas os executivos do estúdio definitivamente tomam decisões com base no dinheiro, e essas decisões são tomadas com base em um nome conhecido do público, o que as pessoas vão ver no cinema? E as pessoas vão ao cinema para ver The Rock, as pessoas vão ao cinema para ver a Moana, então essa é a conta que eu acho que eles estão fazendo.”

Halle Bailey

Crédito, Getty Images

A atriz Halle Bailey interpreta a personagem Ariel no live action do filme A Pequena Sereia

Além de render muito dinheiro, apostar em remakes, sequências e franquias mais seguras permite à Disney — uma empresa que vem demitindo funcionários depois da queda no número de assinantes do seu serviço streaming, Disney+ — assumir riscos em outros projetos.

Alguns dos remakes também permitiram que os cineastas contassem as histórias a partir de diferentes perspectivas e de diferentes formas para o público moderno.

Malévola, por exemplo. recontou a história da Bela Adormecida sob o ponto de vista da vilã. E Halle Bailey, a estrela do remake de A Pequena Sereia, ficou impressionada com as pessoas compartilhando vídeos da alegria dos filhos ao assistir ao trailer do filme com uma atriz negra da Disney que se parecia com eles.

Apesar do grande sucesso comercial, os remakes da Disney não deixaram de receber críticas. No ano passado, o estúdio teve que responder às críticas feitas por Peter Dinklage, ator de Game of Thrones, sobre a adaptação live action de Branca de Neve e os Sete Anões.

Dinklage, que tem uma forma de nanismo chamada acondroplasia, disse que o remake do filme de animação de 1937, baseado na história dos irmãos Grimm, era “retrógrado”.

A Disney disse que iria “evitar reforçar os estereótipos do filme de animação original”.

Agora que a Walt Disney Company está prestes a completar 100 anos, o legado também é um problema, já que alguns de seus filmes clássicos estão se aproximando da data de validade de seus direitos autorais.

Mas a estratégia da empresa em relação aos remakes de live action, acredita O’Hara, tem menos a ver com estender os direitos autorais — algo que, de qualquer maneira, não se renova automaticamente ao fazer algo com o mesmo nome —, e mais a ver com tirar o máximo proveito de cada produto.

“Acho que houve uma discussão sobre isso em relação ao Mickey Mouse, por exemplo, porque os direitos autorais dele estão expirando e, obviamente, já vimos neste ano o que aconteceu quando o Ursinho Pooh perdeu os direitos autorais”, observou a crítica de cinema.

“Mas os filmes que eles têm atualmente na lista, como A Pequena Sereia ou Hércules, têm apenas 20 ou 30 anos, então não há dúvida de que esses ainda não entram na questão dos direitos autorais.”

“E, obviamente, algo como Moana ou Lilo & Stitch, esses ainda têm anos e anos pela frente.”

“Não acho que se trate tanto disso, mas sim de tirar o máximo proveito das ideias que eles têm e das ideias pelas quais as pessoas os conhecem”, avalia.

“Porque se você tiver sucesso com seu remake de live action, depois você pode ter uma sequência do remake de live action. Então, talvez renda dois ou três filmes, e não apenas um.”

– Este texto foi publicado em

Fonte: BBC

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