O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, deu mais detalhes nesta sexta-feira (25) sobre uma proposta lançada no início do dia para enviar representantes à capital bielorrussa de Minsk para conversar com Kiev. O governo russo alega que o lado ucraniano respondeu com uma proposta de se reunir em Varsóvia e depois desistiu do contato. No início da tarde desta sexta, o Kremlin anunciou que o presidente russo, Vladimir Putin concordou em abrir negociações com o governo ucraniano após o presidente do país, Volodymyr Zelensky, dizer que está pronto para discutir a “neutralidade da Ucrânia”.

“Notificamos os ucranianos de uma proposta para falar sobre [o acordo] de Minsk”, informou uma das mensagens do governo russo.

Putin ligou para Aleksandr Lukashenko, presidente da Bielorrússia, para organizar conversas com a Ucrânia, finaliza a mensagem do Kremlin sobre o assunto.

No detalhamento, Peskov explicou como devem ocorrer a negociação. “Putin ligou imediatamente para o presidente [Alexander] Lukashenko e concordou que o lado bielorrusso e o presidente fariam tudo para organizar melhor a chegada das delegações e garantir sua segurança – esse elemento também é importante agora – e as condições para conduzir essas negociações diretamente”.

Em um telefonema com repórteres o porta-voz afirmou. “O lado russo imediatamente, em nome do presidente, formou uma delegação de representantes do Ministério da Defesa russo, do Ministério das Relações Exteriores e da Administração Presidencial. Todas essas informações foram levadas ao conhecimento dos ucranianos”, disse ele.

Peskov ainda acrescentou. “Após uma breve pausa, os ucranianos disseram que queriam ir para Varsóvia. E depois disso eles fizeram uma pausa e deixaram a conexão”, explicou o porta-voz.

Antes das afirmações do representante do Kremlin, o conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych disse à CNN na sexta-feira que o governo ucraniano está “considerando a proposta”.

O porta-voz do Kremlin afirmou que a pausa foi acompanhada pela implantação de múltiplos sistemas de lançamento de foguetes em áreas residenciais, inclusive em Kiev por “elementos nacionalistas”, algo que Peskov disse que o Kremlin considera “extremamente perigoso”.

Mais contexto

A declaração de Peskov ecoou de uma afirmação feita no início do dia pelos militares russos, que disse – sem evidências – que militares e conselheiros de inteligência dos Estados Unidos instruíram os líderes militares ucranianos a colocar sistemas de artilharia de foguetes em áreas residenciais para provocar fogo de retorno contra os moradores locais.

Os EUA observaram pelo menos 200 lançamentos totais de mísseis desde o início da invasão russa da Ucrânia, disse um alto funcionário de defesa dos EUA a repórteres nesta sexta, acrescentando que “alguns desses mísseis que avaliamos impactaram áreas residenciais civis”.

Entenda o conflito

Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.

Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).

O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.

De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.

Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.

Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.

A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.

Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.

A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.

(Com informações de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh, da CNN)

Fonte: CNN Brasil