Por que não cunhar “maravilhosamente evangélico” no lugar do advérbio que tanta polêmica causou, “terrivelmente”?

A sugestão do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), um católico devoto que fez carreira na música religiosa, ganhou um complemento do pastor presbiteriano que chegou ao Supremo Tribunal Federal sob a premissa de ser um bom cristão.

O selo de “genuinamente evangélico” também o agradava, disse André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, aprovado pelo Senado e que tomará posse no STF na semana que vem.

Castro recebeu nesta quinta (9) o futuro titular da corte e o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), integrante da igreja de Silas Malafaia que em 2022 comandará a bancada evangélica, no Palácio dos Laranjeiras, uma das sedes do Executivo fluminense.

O governador brincou que Bolsonaro havia tornado a vida de seu indicado mais difícil por causa da hermenêutica —prometer um “terrivelmente evangélico” para o Supremo empolgou pastores, mas irritou opositores e tornou árdua a caminhada de Mendonça até a corte.

O principal empecilho, contudo, não veio da ala progressista que teme ataques ao Estado laico com um ministro que chegou lá com apoio de evangélicos próximos a Jair Bolsonaro.

O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-parceiro do presidente, procrastinou o quanto pôde marcar a sabatina que decidiria se Mendonça era apto ou não ao STF, na visão dos senadores.

Na reunião com Castro, Mendonça lembrou de definições que ouviu de aliados sobre sua longa espera para ser sabatinado: um “calvário” com “requintes de drama”.

O governador disse que, ante adversidades, valeria refletir sobre os planos de Deus: “Você vai desistir já? Não crê que sou o Deus do impossível?”. Ao que respondeu Mendonça: “Imagina se Cristo desistisse da cruz? Não ia ter cristianismo”.

Mais tarde, em sua igreja, Malafaia o recebeu numa mesa onde se sentaram o governador Cláudio Castro (PL), o ex-ministro bolsonarista Fábio Wajngarten, o desembargador William Douglas, seu irmão Samuel Malafaia (deputado estadual pelo DEM-RJ) e Romário (PL-RJ), que Mendonça afagou como “o senador mais habilidoso”, gracejo com sua carreira no futebol.

Já o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo ganhou do ministro do STF o seguinte agrado: “Pastor Silas, esse homem tem coragem”.

Mendonça participará nesta noite de um culto na igreja do pastor que tanto batalhou por sua chegada na mais alta corte do país.

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