As pessoas que tentam voar dos Estados Unidos para a China podem em breve ser confrontadas com um cenário impensável: a partir da próxima semana, provavelmente não haverá voos comerciais com destino ao país, enquanto Pequim tenta evitar as infecções por coronavírus antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022.

A partir de 19 de janeiro e continuando por pelo menos duas semanas, todos os voos dos Estados Unidos para a China foram cancelados ou provavelmente serão suspensos devido aos regulamentos da aviação chinesa, de acordo com a pesquisa do CNN Business sobre anúncios do governo e horários de voos publicados.

Na sexta-feira (14), apenas dois voos ainda pareciam elegíveis para operar nesse período, um deles com a United Airlines.

As Olimpíadas de Inverno de Pequim começam em 4 de fevereiro, e os participantes estão viajando em voos especiais restritos a pessoas com credenciais olímpicas como parte de uma bolha estrita que as autoridades estão implementando em torno do evento.

Desde junho, a Administração de Aviação Civil da China aplicou a chamada regra de “disjuntor” aos voos internacionais.

Essa regra significa que um voo é automaticamente suspenso por duas semanas se cinco ou mais passageiros testarem positivo para Covid-19 ao desembarcar na China. Se 10 ou mais passageiros testarem positivo, o período de suspensão aumenta.

A China defendeu seus regulamentos como “um passo importante para reduzir o risco de disseminação transfronteiriça na pandemia”.

“As medidas, que são abertas e justas, se aplicam igualmente às companhias aéreas chinesas e estrangeiras”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Hua Chunying em agosto.

“Para as companhias aéreas que não atendem às condições ligadas à política, a China nunca aplicou medidas relevantes sobre elas”.

De 24 de dezembro a 12 de janeiro, mais de um terço dos 9.356 voos internacionais programados para partir para a China – já uma fração dos níveis pré-pandemia – foram cancelados, segundo dados do Umetrip, aplicativo desenvolvido pela indústria de aviação estatal chinesa.

Durante esse período, um número crescente de passageiros em voos dos Estados Unidos – operados por companhias aéreas americanas e chinesas – testaram positivo na chegada à China, desencadeando uma onda de cancelamentos logo antes das Olimpíadas e do Ano Novo Lunar, o feriado mais importante da China.

Três companhias aéreas dos Estados Unidos – United, Delta e American Airlines – operam 10 voos por semana para Xangai, a maior cidade da China, onde um aumento constante de casos de Covid-19 entre as chegadas internacionais fez com que as autoridades locais estivessem sob crescente pressão para apertar as medidas de contenção.

A cidade registrou na quinta-feira (13) cinco novos casos transmitidos localmente, todos ligados a um residente que havia retornado recentemente dos Estados Unidos.

“As companhias aéreas dos EUA estão preocupadas com as implicações de uma interrupção e continuam avaliando o impacto nas operações”, disse a Airlines for America, um grupo comercial com sede em Washington que representa as principais companhias norte-americanas, em comunicado na quinta-feira.

“Estamos em comunicação com os governos dos EUA e da China para identificar um caminho a seguir que minimize o impacto para os viajantes”.

O CNN Business solicitou comentários do Departamento de Transportes dos Estados Unidos, que tem autoridade para suspender os oito voos semanais com destino aos EUA operados por quatro companhias aéreas chinesas.

A China isolou amplamente suas fronteiras em março de 2020 e continuou cumprindo sua rígida política de “Covid zero”.

Os voos de e para a China – o segundo maior mercado de viagens aéreas do mundo depois dos Estados Unidos – foram drasticamente reduzidos, mesmo quando as viagens internacionais começaram a se recuperar em outras partes do globo.

No mês passado, um voo da Delta partindo de Seattle para Xangai deu uma volta no ar devido a uma mudança nos procedimentos de limpeza no aeroporto chinês que “aumentou significativamente o tempo em terra e não é operacionalmente viável”, segundo a companhia aérea.

As autoridades chinesas contestaram a afirmação, instando a operadora a “proteger os direitos legítimos dos clientes”.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil