Em viagem oficial ao Brasil, o subsecretário para Terrorismo e Inteligência Financeira do Tesouro dos EUA, Brian Nelson, disse ter conversado com autoridades do governo brasileiro sobre uma possível ligação entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e crimes ambientais. Segundo ele, Brasil e Estados Unidos deram sequência a uma força-tarefa contra o tráfico internacional de drogas.

A visita acontece oito meses após um encontro entre representantes de ambos os governos, no Brasil, que possibilitou a inclusão do PCC em uma lista de bloqueios da Agência de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês). Se no início da cooperação o impedimento se limitava à figura da organização, agora a estrutura permite, por exemplo, a inclusão de integrantes do PCC na lista da organização.

“Isso realmente criou a estrutura para trabalharmos de forma colaborativa com os homólogos brasileiros na identificação de indivíduos específicos e outros facilitadores financeiros que estão apoiando o PCC, para (…) interromper suas operações. E isso pode incluir trabalhar com nossas unidades de inteligência financeira nos Estados Unidos para potencialmente rastrear ativos e enviar orientações às indústrias financeiras nos Estados Unidos sobre sinais de alerta e tipologias relacionadas à operação do PCC”, explicou o subsecretário, em conversa com jornalistas. A lista ainda não inclui, porém, nomes de integrantes da facção criminosa.

De acordo com Brian Nelson, diálogos sobre crimes ambientais aconteceram em todas as reuniões com autoridades brasileiras. O representante do governo norte-americano falou que há uma preocupação conjunta sobre como evitar que integrantes do narcotráfico e de organizações criminosas utilizem o garimpo ilegal para lavar dinheiro e gerar receita.

“Estamos focados na mineração ilegal de ouro. Não só no Brasil, mas em outras partes do mundo”.

A comitiva norte-americana viajou à Capital Federal no início da semana, onde se encontrou com integrantes do Ministério das Relações Exteriores, da Polícia Federal, do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e do Banco Central.

Nesta quarta-feira (17), o grupo participou de encontros com representantes de instituições financeiras, em São Paulo. Também houve diálogos com ONG’s (Organização Não Governamentais), que de acordo com Nelson, resultaram em algumas das conversas mais eficientes sobre o que pode ser visto nos locais onde crimes ambientais são praticados.

“Tivemos uma boa conversa sobre o papel do crime organizado e outros atores corruptos envolvidos com crimes ambientais, especificamente no que se refere à mineração e extração de madeira”.

O subsecretário afirmou que as informações compartilhadas com as autoridades brasileiras não partiram do departamento de Tesouro dos EUA, mas de conexões feitas por parceiros em agências governamentais no Brasil. Sem dar detalhes, Brian Nelson falou que o governo brasileiro apresentou uma série de medidas que vêm sendo tomadas e maneiras para que os países possam trabalhar de maneira conjunta.

A CNN solicitou informações ao Itamaraty sobre o teor dos encontros, mas até a publicação desta reportagem, não obteve resposta.

Fonte: CNN Brasil