Em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (10), o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga disse que não se vê fazendo parte do governo Lula caso seja convidado.

“Eu fui para o governo duas vezes em momentos difíceis. Teria ido com o Aécio Neves, teria ido com o Luciano Huck, se ele tivesse se candidatado, mas eu me senti ali, me juntando a ideias das quais eu acredito. E isso, infelizmente, não me parece ser o caso. Acho que essa equipe tem que ser construída a partir de ideias e eu estou vendo as ideias, nesse momento, se afastando daquilo que acredito”, disse.

A declaração foi feita ao responder a analista de Política da CNN Thaís Arbex sobre uma eventual participação no governo petista.

Nesta quinta-feira, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou durante sua primeira visita ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, sede da equipe de transição.

Na ocasião, Lula questionou a concentração do debate econômico em torno de temas como a estabilidade fiscal e afirmou que há gastos do governo que precisam ser observados como investimento.

“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?”, questionou Lula.

A reação do mercado foi dura, o Ibovespa fechou em forte queda. O principal índice da bolsa brasileira registrou baixa de 3,35%, aos 109.775,46 pontos. Essa foi a maior queda diária desde setembro de 2021.

Fraga disse ainda que as expectativas, em sua avaliação, eram de um movimento ao centro, algo que está sendo “desafiado”.

“As expectativas na economia – com relação ao governo – as expectativas eram e, eu espero que continuem a ser… mas elas estão sendo desafiadas, de um movimento ao centro. E na economia, isso envolve, também, algum ajuste. E o que tem sido visto hoje tem sido na direção oposta”, afirmou.

O ex-presidente do BC avaliou que o Brasil não está muito distante de uma crise de confiança. “Não estamos muito distante de [uma crise de confiança]. Inclusive porque o ambiente global é muito perigoso”.

Veja a entrevista completa no vídeo acima.

*Publicado por Pedro Zanatta, do CNN Brasil Business.

Fonte: CNN Brasil