O dólar sobe nesta quinta-feira (10) após chegar a operar abaixo de R$ 5 na véspera com um otimismo maior do mercado. Agora, pesam o término de conversas entre Rússia e Ucrânia sem avanço e os temores do risco fiscal de medidas que o governo brasileiro vem estudando para conter os preços dos combustíveis em meio à alta do petróleo.

Por volta das 9h13, a moeda norte-americana avançava 0,30%, cotado a R$ 5,025. O contrato futuro de dólar de primeiro vencimento negociado na B3 tinha alta de0,28%, a R$ 5,026.

Na quarta-feira (9), o dólar teve desvalorização de 0,82%, a R$ 5,012. Já o Ibovespa fechou em alta de 2,43%, aos 113.900 pontos.

Petróleo

petróleo fechou em forte queda na quarta-feira (9) após altas robustas na sessão da véspera. A guerra na Ucrânia continuou no foco dos investidores, em meio a um cessar-fogo para evacuação de civis e com acenos de autoridades pela solução do conflito.

André Perfeito, economista-chefe da Necton, afirma que a queda do petróleo ocorre após “notícias apontarem que haverá mais produção de petróleo por países como Iraque para mitigar os efeitos do embargo ao óleo da Rússia”.

“Vale notar que estamos num período de muita volatilidade e estes movimentos são normais, logo não podemos garantir que será continuada essa queda nas matérias-primas”, diz.

Os preços do petróleo tiveram alta desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Analistas acreditam que o furor recente pode ser apenas o começo, já que os avisos de US$ 200 por barril começam a se espalhar pelo mercado.

A commodity atingiu seu nível mais alto desde 2008 na segunda-feira (7), quando os países ocidentais passaram a considerar um embargo ao petróleo da Rússia, o segundo maior exportador do mundo.

Na terça-feira, o petróleo Brent, que chegou a disparar 8,07%, reduziu o ganho no fechamento para 3,87%, após o anúncio de proibição de importação da commodity russa pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, o que deve aumentar o choque de oferta do produto nos próximos dias.

O principal fator para a alta é o descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep+, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia, e o quadro foi intensificado com as tensões na Europa.

Porém, falas do presidente Jair Bolsonaro, criticando a política de preços da Petrobras, geraram temores no mercado sobre uma possível intervenção na empresa. Outra possibilidade é a criação de um subsídio temporário para os preços.

Segundo os analistas de política da CNN Gustavo Uribe e Basília Rodrigues, o subsídio que está sendo estudado seria transitório, de três meses, e teria um custo de cerca de R$ 20 bilhões. O objetivo seria evitar que o litro da gasolina chegue a R$ 10.

O Congresso também deve analisar projetos que buscam reduzir os preços dos combustíveis ou evitar novas altas a partir de medidas como cortes de impostos e criação de um fundo de estabilização.

O receio do mercado é que as medidas acabem impactando as contas públicas e gerando um risco fiscal alto, o que reduziria a confiança de investidores e faria o dólar subir pela saída de investimentos.

Commodities

Ainda como consequência da invasão Rússia à Ucrânia está a alta nos preços de outras commodities, principalmente as ligadas à Rússia e à Ucrânia, caso do milho, trigo, além do petróleo.

O trigo chegou a ter alta de 7% na segunda-feira, e acumula valorização de 75% no ano. De acordo com a Necton, a valorização do real pode reduzir esse aumento para perto de 55%.

Ao mesmo tempo, a situação na Ucrânia pode impactar nos benefícios para o real de um ciclo de migração de investimentos iniciado em 2022 para mercados ligados a commodities e vistos como baratos, como o Brasil, ao estimular a busca pelo dólar.

O ciclo estava ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que levou a altas nos preços, reforçadas com a crise na Ucrânia.

Guerra na Ucrânia

Acompanhe a cobertura ao vivo da CNN sobre o conflito.

A reunião entre os principais diplomatas da Ucrânia e da Rússia não teve avanço na questão de um cessar-fogo de 24 horas para ajuda aos civis.

A guerra entre os dois países entrou na terceira semana, e os conflitos mais intensos seguem na cidade de Mariupol, onde os russos disserem que assumiram parte do controle. A capital ucraniana, Kiev, também tem sido alvo de ataques.

Do ponto de vista econômico, o principal acontecimento envolvendo o conflito é a série de sanções anunciadas pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais.

Dentre elas estão a expulsão de bancos russos do Swift, um sistema global de pagamentos, e o congelamento de reservas do banco central da Rússia.

Os países que apoiam a Ucrânia já afirmaram que devem implementar novas sanções contra a Rússia, que viu sua moeda, o rublo, despencar e atingir uma mínima histórica.

O VIX, chamado de “índice do medo” por tentar medir o grau de volatilidade do mercado, sobe e ronda os 34 pontos, após chegar ao maior nível desde setembro de 2020.

*Com informações da Reuters

Fonte: CNN Brasil