O dólar cai nesta sexta-feira (4), caminhando para a quarta semana consecutiva de recuo, enquanto o mercado espera a divulgação do relatório Payroll de emprego não-agrícola dos Estados Unidos, que pode influenciar as decisões do Federal Reserve sobre juros.

Por volta das 9h11, a moeda norte-americana caía 0,31%, a R$ 5,281. O contrato futuro de dólar de primeiro vencimento negociado na B3 tinha queda de 0,05%, a R$ 5,281.

Na quinta-feira (4), o dólar subiu 0,41% frente ao real, cotado a R$ 5,297. Já o Ibovespa recuou 0,18%, aos 111.695,94 pontos.

Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou na quarta-feira (3) a oitava alta seguida para a taxa Selic, que subiu 1,5 ponto percentual, como esperava o mercado, para 10,75% a.a.. Essa foi a primeira vez que a taxa básica da economia voltou aos dois dígitos após quase cinco anos.

No comunicado, os integrantes do comitê sinalizaram que o movimento de alta deve continuar, mas com uma desaceleração no ritmo, citando a continuidade dos riscos fiscais como ameaça à ancoragem das expectativas de inflação.

O movimento tende a favorecer o real, tornando os títulos do Tesouro mais atrativos, mas é negativo para as ações, já que também torna a renda fixa mais atrativa que a variável. Por outro lado, a perspectiva de que a Selic terminará 2022 a um nível menor que o previsto após o comunicado do Copom pode reduzir esse fluxo.

O aumento do risco fiscal também segue no radar dos investidores. Um projeto de lei sobre os impostos sobre combustíveis, chamada de PEC dos Combustíveis, elevou os temores de um descontrole fiscal.

Um analista de mercado define que a percepção é que o governo está partindo para o tudo ou nada, e deve caminhar para medidas mais populistas para elevar sua popularidade até as eleições.

Segundo projeção da equipe de análise da XP, a PEC pode diminuir a arrecadação entre R$ 70 bilhões e R$ 100 bilhões. Entretanto, o governo já discute incluir apenas o diesel no texto, sem a gasolina.

Se de fato a isenção se restringir ao diesel, a perda de arrecadação deve cair de R$ 70 bilhões para R$ 20 bilhões. A avaliação de analistas é que o mercado pode reagir bem com um subsídio mais modesto – mas não descartam a pressão por mais isenções.

Na quinta-feira, duas PECs sobre o tema foram protocoladas, uma no Senado e outra na Câmara. Uma delas envolveria renúncias fiscais para reduzir o preço dos combustíveis. Segundo o analista de política da CNN Caio Junqueira, as propostas foram feitas pelo Centrão sem consultar o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em reunião no mesmo dia, o Fórum Nacional de Governadores se colocou como favorável a um projeto de criação de um fundo para conter altas de combustíveis como a atual, que poderia ser financiado por dividendos da Petrobras.

Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de abril de 2022.

Exterior

Os investidores estrangeiros têm realizado um processo de migração para áreas ligadas a commodities e para os mercados emergentes, o que favorece o Brasil e o real, já que a bolsa brasileira possui uma grande quantidade de empresas ligadas ao setor.

Expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas, o que leva a altas nos preços.

No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia afetam os preços.

A aversão a riscos maior após os resultados decepcionantes da Meta e a queda dos ativos na bolsa dos Estados Unidos, dona de redes sociais como o Facebook, porém, afetou não apenas as ações norte-americanas como também a bolsa brasileira, reduzindo esse fluxo.

O movimento também está ligado à perspectiva de que o Fed elevará a taxa de juros no país na reunião de março, com os investidores migrando das ações do país para mercados e ativos vistos como mais resilientes e baratos.

Qualquer alta de juros no país, porém, pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores.

Nesta sexta-feira, os investidores estão atentos aos dados de emprego no país de janeiro, já que resultados muito negativos, decorrentes da variante Ômicron, podem afetar esse ritmo de altas previsto pelo Fed.

Fonte: CNN Brasil