A decisão do Alto Comando do Exército de vetar promoção do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi recebida como sinal de trégua dos militares com o governo Lula.

Ministros de governo ouvidos pela CNN avaliam que a posição da cúpula militar evitou uma crise maior.

“Estamos levando isso como quem carrega louça, se der tropeço cai a louça toda”, afirmou um ministro à CNN.

A reunião, como de praxe, ocorreu a portas fechadas sem a participação de políticos do governo. Foi o primeiro encontro do novo comandante do Exército, Thomás Paiva, com o grupo de 16 generais de quatro estrelas, que compõem o Alto Comando.

De acordo com interlocutores do Planalto, ao governo cabia respeitar qualquer que fosse a decisão, uma vez que a promoção de Cid ao comando de um batalhão especial em Goiás reflete, principalmente, avaliação de mérito do Exército e não política, apesar da proximidade dele com o ex-presidente.

A nomeação ao comando do batalhão seguirá em banho maria até que o tenente-coronel se defenda das acusações que enfrenta no Supremo Tribunal Federal, como o suposto vazamento de informações sigilosas de investigação da PF sobre urnas eletrônicas.

“Se ele for inocente, qual o problema ser bolsonarista? Pensar diferente não é crime”, afirmou um ministro do governo à CNN.

O relacionamento do novo governo com as Forças Armadas se apresenta como o maior desafio de Lula, neste momento, devido à politização das tropas e dos comandos.

Na semana passada, o presidente se reuniu com militares, ainda sob o antigo comando do Exército, e tratou de investimentos na instituição. A reunião foi considerada positiva mas a permanência do comandante general Júlio César Arruda ainda era um entrave.

Com a troca do comando no fim de semana, uma operação “rápida e inusitada”, relatam fontes do governo, a busca agora é por sintonia do Palácio com o Exército.

Fonte: CNN Brasil