O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que “foi um erro” a exclusão de Cuba, Nicarágua e Venezuela da Cúpula das Américas.

“Ninguém vai se salvar. Temos que nos unir para ter um melhor desenvolvimento de nossas nações. Sentimo-nos no direito de expressar que a exclusão não é o caminho. Isso não tem dado resultados historicamente. E quando os Estados Unidos tentam excluir certos países, o que eles fazem é reforçar a posição que eles têm em seus próprios lugares. Acreditamos que isso é um erro e vamos dizer isso na cúpula”, disse Boric.

Ele também acrescentou: “Isso vai além dos Estados Unidos, porque é a cúpula de todos os países da América. Não pode ser que no nosso continente americano, a única coisa que se fala lá fora é sobre nossos desentendimentos com dois ou três países”, disse.

Por que Cuba, Venezuela e Nicarágua não estarão na Cúpula das Américas?

A Cúpula das Américas começa com a esperada ausência de pelo menos sete presidentes do continente, incluindo Andrés López Obrador, do México, que cumpriu um aviso que havia repetido em várias ocasiões nas últimas semanas: ele não compareceria se não fossem convidados todos os países do continente.

“Não vou à Cúpula porque nem todos os países da América estão convidados e acredito na necessidade de mudar a política que vem sendo imposta há séculos. Exclusão, querer dominar sem motivo, não respeitar a soberania dos países, a independência de cada país”, disse o presidente, anunciando que o chanceler Marcelo Ebrard o representaria.

Autoridades norte-americanas disseram repetidamente que os governos autocráticos de Cuba, Nicarágua e Venezuela não seriam convidados para a Cúpula por causa de seu histórico contra os direitos humanos.

“Os Estados Unidos continuam mantendo reservas sobre a falta de espaço democrático e a situação dos direitos humanos em Cuba, Nicarágua e Venezuela. Como resultado, Cuba, Nicarágua e Venezuela não serão convidados a participar desta Cúpula”, disse um alto funcionário do governo em comunicado à CNN, observando que o país tem “ampla discrição sobre convites” como anfitrião.

O funcionário também observou que “representantes não governamentais de Cuba, Venezuela e Nicarágua estão registrados para participar dos três fóruns de interessados”.

Recusas de Cuba, Nicarágua e Venezuela

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, já havia confirmado que não participaria, em uma mensagem na qual também destacou os esforços de alguns presidentes da região que “levantaram a voz contra as exclusões”, incluindo López Obrador, para que todos fossem convidados.

“Sabe-se que o governo dos Estados Unidos concebeu desde o início que a Cúpula das Américas não seria inclusiva. Era sua intenção excluir vários países, incluindo Cuba, apesar da forte demanda regional de que as exclusões acabassem”, disse Díaz-Canel.

A mensagem de Maduro confirmando que ele não estaria presente foi por meio de um canal semelhante. “Na Venezuela temos um caminho claro: unidade, inclusão, diversidade, democracia e o direito de construir nosso próprio destino. Rejeitamos as alegações de exclusão e discriminação de povos na Cúpula das Américas”, escreveu ele no Twitter.

Outro que garantiu que não participaria a partir do momento em que começaram as conversas sobre uma possível exclusão foi Daniel Ortega, da Nicarágua. “Esse cúpula não exalta ninguém… essa cúpula suja, enlameada”, disse ele em um discurso.

Que outros países não estarão na Cúpula das Américas?

O presidente da Bolívia, Luis Arce, foi outro que confirmou que não participará após a recusa dos Estados Unidos em convidar Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Posição semelhante foi adotada por Xiomara Castro, de Honduras, que condicionou sua participação a um convite inclusivo: “Só participarei da Cúpula se todos os países das Américas forem convidados, sem exceção. O legado mais digno de um americano é a América”.

O guatemalteco Alejandro Giammattei também confirmou que não estará presente. Neste caso, também, há outro pano de fundo: o confronto entre Guatemala e Estados Unidos pela reeleição da procuradora-geral Consuelo Porras, que o governo Biden criticou duramente.

Este conteúdo foi criado originalmente em espanhol.

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Fonte: CNN Brasil