O padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo, afirmou que o problema da Cracolândia existe porque é um negócio lucrativo em entrevista concedida à CNN nesta sexta-feira (21).

O sacerdote citou o caso dos agentes da Guarda Civil Metropolitana que cobravam dinheiro de comerciantes da região em troca de proteção.

“A Cracolândia existe porque é um negócio, e é um negócio lucrativo. Alguém está ganhando muito em cima disso e existe uma rede de corrupção muito forte. O prefeito de São Paulo localizou vários guardas civis que ganhavam R$ 500 para oferecer proteção e mudar o fluxo de lugar”, acusou o padre.

A diretora da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) do Brasil, Raquel Gallinati, concordou com a afirmação de Lancellotti e reforçou a tese dizendo que os crimes gerados pelo “caos social” da Cracolândia não serão solucionados com a mudança geográfica.

“A solução não é deslocar a Cracolândia de localidade. A solução é complexa. A criminalidade fica ali entranhada no emaranhado do caos social. A gente não pode aceitar que pessoas vivam nas ruas, comam dos lixos e vivam dessa forma desumana. Se o estado não tem estrutura, isso não pode ser uma desculpa para a ausência de solução”, declarou Gallinati.

Veja imagens da Cracolândia, na região central de São Paulo

As falas do padre e da delegada vêm após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas afirmar à CNN que desistiu de transferir os dependentes químicos que hoje ficam na área conhecida como Cracolândia para o Bom Retiro, também na região central da capital paulista.

“Não vai funcionar. Vou voltar atrás. Sou humano. Não tenho problema de corrigir o caminho.”

A iniciativa havia sido anunciada na terça-feira (18) e provocou forte reação nos comerciantes do Bom Retiro.

A ideia inicial do governador era levar os dependentes para dentro do complexo Prates, onde já funcionam instalações como o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps), além de uma unidade da Assistência Médica Ambulatorial (AMA).

Com produção de Letícia Brito

Fonte: CNN Brasil