Queimaduras são lesões na pele provocadas geralmente pelo calor, mas que também podem ser causadas por frio, eletricidade, produtos químicos ou radiação.

A destruição parcial ou total da pele pode atingir das camadas mais superficiais do tecido às mais profundas, como músculos, tendões e até mesmo ossos. Elas podem ser classificadas em três tipos, de acordo com a profundidade da lesão, segundo o Ministério da Saúde:

As de 1º grau são mais superficiais e atingem a camada mais superior da pele, chamada epiderme. Os sintomas são vermelhidão, calor e dor intensa, sem a formação de bolhas. Em geral, apresentam melhora entre 3 e 6 dias, sem deixar sequelas.

As queimaduras de 2º grau, por sua vez, envolvem camadas mais profundas da pele, podendo comprometer toda a epiderme. Além de provocar dor mais intensa e vermelhidão, podem surgir bolhas e um aspecto úmido na lesão. O tempo de recuperação é maior, em média entre 7 e 21 dias. Em geral, não causa cicatriz.

O tipo de lesão considerado mais grave, a queimadura de 3º grau afeta os tecidos subcutâneos, além da derme, gerando destruição de nervos, glândulas sudoríparas, capilares sanguíneos, estruturas ósseas e pode levar à morte, dependendo da extensão das feridas e da idade do paciente. Diferentemente dos outros dois graus, não provoca dor devido à profundidade das lesões. A recuperação requer intervenção cirúrgica.

“A pele pode ser destruída parcialmente ou totalmente, atingindo desde pelos até músculos e ossos. Os tipos de queimaduras são: 1º grau, quando atinge a camada mais superficial da pele, a lesão é vermelha, quente e dolorosa. De 2º grau superficial, que gera bolhas e muita dor ou 2º grau profunda, quando é menos dolorosa, a base da bolha é branca e seca. E 3º grau, indolor, acomete todas as camadas da pele e pode chegar até aos ossos e gerar sérias deformidades”, explica o médico dermatologista Samuel Mandelbaum, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

As queimaduras são consideradas um problema de saúde pública no Brasil. Todos os anos em torno de 1 milhão de pessoas se queimam no país. Desse total, ao menos 100 mil buscam atendimento hospitalar. Cerca de 3 mil morrem, direta ou indiretamente, em função das lesões. Os dados são do Ministério da Saúde e compreendem o período entre 2011 e 2019.

De imediato, o paciente deve colocar a parte queimada debaixo da água corrente fria, com jato suave, por aproximadamente dez minutos. Compressas úmidas e frias também são indicadas pelo Ministério da Saúde. No caso de queimaduras em grandes extensões do corpo, por substâncias químicas ou eletricidade, a vítima necessita de cuidados médicos urgentes.

Especialistas alertaram para os riscos, os principais cuidados e as medidas de prevenção contra queimaduras no programa CNN Sinais Vitais, apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil (veja a íntegra acima).

“Quando se aumenta o preço do gás, as pessoas procuram os inflamáveis para cozinhar alimentos, fazer rechauds, candieiros ou espiriteira, como chama em São Paulo, de forma improvisada e daí os acidentes acontecem”, diz José Adorno, cirurgião-plástico e presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ).

Prevenção de acidentes

Líquidos quentes e inflamáveis, choques elétricos e fogo em ambientes domésticos e no trabalho representam perigos de queimaduras.

O capitão André Elias, porta-voz do Corpo de Bombeiros, em São Paulo, afirma que o ambiente de cozinha pode representar riscos, especialmente para crianças e idosos, e cita algumas medidas de prevenção. “Sempre que for cozinhar, colocar as panelas na boca de trás do fogão, sempre que possível o cabo da panela para dentro do fogão, para que essa criança não bata a mão no cabo, e acabe derrubando essa panela e todo o seu conteúdo em cima dela”, diz.

“Uma outra coisa muito comum que a gente observa, são as famílias que usam ainda aquelas toalhas de mesa compridas. Então a mãe vem, coloca a sopa em cima da mesa, criança puxa a toalha, e o que está em cima da mesa cai em cima dela”. Para finalizar, ele reitera: “Não use álcool para cozinhar e cheque sempre possíveis vazamentos no seu GLP usando uma esponja com detergente. Passe sobre as conexões e se fizer bolhas, pipocar, é porque tem problema”.

Entre os casos de queimaduras notificados no Brasil, a maior parte acontece em casa e quase a metade das ocorrências envolve a participação de crianças, de acordo com o Ministério da Saúde. Entre as queimaduras mais comuns, tendo crianças como vítimas, estão as decorrentes da manipulação de líquidos quentes, como água fervente.

Os idosos também compreendem um grupo de risco alto para queimaduras devido à sua menor capacidade de reação e às limitações físicas peculiares à idade avançada.

Para as mulheres adultas, os casos mais frequentes de queimaduras estão relacionados às várias situações domésticas (como cozimento de alimentos, riscos diversos na cozinha, acidentes com botijão de gás, etc. Entre os homens, as queimaduras mais frequentes ocorrem em situações de trabalho, segundo o ministério.

O que fazer em casos de queimaduras

O presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, José Adorno, explica qual é o protocolo adequado que as pessoas devem seguir ao sofrer ou socorrer alguém com queimaduras. Logo após o acidente, a queimadura deve ser resfriada com água corrente em temperatura ambiente e protegida com um pano limpo para que não tenha nenhuma infecção. Depois disso, é essencial buscar o atendimento de saúde.

Adorno alerta para o fato de que, além da água corrente, não se deve utilizar nenhum outro produto ou substância, sob o risco de causar danos ou piorar a queimadura: “Dependendo da região, as pessoas usam manteiga, borra de café, clara de ovo, água sanitária, produtos sujos e contaminados. Isso pode transformar uma queimadura superficial em uma lesão profunda”, diz.

No caso de queimaduras grandes, elétricas, causadas por incêndios ou que acometem grande parte do corpo, é importante chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou o Corpo de Bombeiros, nos telefones 192 e 193, respectivamente.

“Se alguém estiver presenciando uma pessoa em chamas, deve fazer com que a pessoa pare, deite-se e role no chão, para interromper o fogo, e, em seguida, resfriar as queimaduras com água em temperatura ambiente e chamar a assistência pré-hospitalar para encaminhar esse paciente para o pronto-socorro”, explica Adorno.

O médico alerta que o indicado é lavar a queimadura com água em temperatura ambiente e não utilizar água gelada ou gelo. “O objetivo da água é resfriar e interromper o processo de queimadura, para diminuir o dano. Com a reação inflamatória aguda típica das queimaduras, o paciente tem uma perda de sensibilidade. Se colocar gelo ou água gelada, pode aprofundar a queimadura sem perceber, pois o gelo também queima a pele quando fica em contato com o corpo durante muito tempo”, afirma Adorno.

Fonte: CNN Brasil