Uma pesquisa do Datafolha mostra que seis de cada dez brasileiros não se lembram em quem votaram para deputado federal ou senador nas eleições de 2018. Isso mostra, no mínimo, o descompromisso do eleitor na hora de apertar os botões da urna eletrônica. Será que esse fato não indica um vazio em nossa democracia?

Ao não se recordar do voto, o cidadão exibe sua total desvinculação do trabalho que o parlamentar que ajudou a eleger desempenha no Legislativo. Votou por votar. Votou porque é obrigado a votar.

Será que não chegou o momento de acabarmos com o voto obrigatório? Será que a democracia não presume o direito de não votar? Além de o Brasil não contar com o voto distrital, que vincula eleitor e eleito, ainda arrasta essa peça de museu politico que é o voto obrigatório.

Votar deve ser um direito, e não uma obrigação passível de multa. Deve caber ao eleitor decidir livremente em quem vai votar ou se deseja votar ou não.

Segundo o ilustre professor Modesto Carvalhosa, devemos reconhecer que o voto obrigatório, adotado por todas as Constituições após a Revolução de 1930, “teve papel relevante na arregimentação do povo no seu dever-poder de eleger os governantes e representantes em todas as esferas”.

E completa Carvalhosa: “chegamos a uma fase histórica em que os eleitores devem decidir livremente, a cada eleição, se vale ou não a pena dela participar, ou seja, o eleitor deve, em cada pleito, decidir livremente se participará ou não do espaço público”.

A associação do voto facultativo com o distrital certamente propiciaria melhores escolhas, com menor interferência do poder econômico. O eleitor saberá de quem cobrar pelas promessas eleitorais.

E os políticos e partidos serão compelidos a convencer possíveis eleitores se vale a pena ou não, comparecer e votar, estabelecendo um verdadeira democracia elo mais democrático entre eleitores e eleitos. O voto facultativo não é uma solução mágica, mas, sim, um caminho em direção a uma verdadeira democracia.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião da CNN Brasil.

Fonte: CNN Brasil