Autoridades russas prenderam um blogueiro LGBTQIA+ chinês nesta quarta-feira (6), por violação de uma lei que proíbe a chamada “propaganda” do mesmo sexo, de acordo com Adel Khaydarshin, advogado que representa o blogueiro, e seu parceiro.

Haoyang Xu foi considerado culpado durante uma audiência na quinta-feira (7), disse Khaydarshin. Ele está preso em um centro de detenção temporária para estrangeiros e pode ser deportado da Rússia, de acordo com um comunicado do tribunal.

Isso ocorre meses depois que o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um projeto de lei que expandiu a proibição existente da chamada “propaganda” LGBTQIA+ na Rússia, tornando ilegal para qualquer pessoa promover relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo ou sugerir que orientações não heterossexuais são “normais”.

O parceiro russa de Xu, Gela Gogishvili, também foi acusada em conexão com a mesma lei, disse Khaydarshin. No entanto, Gogishvili ainda não foi preso, segundo o advogado.

Os blogueiros documentaram sua vida online por meio da mídia social como um casal do mesmo sexo que vive na Rússia.

De acordo com documentos judiciais fornecidos à CNN, Xu foi preso por postar vídeos retratando “relações sexuais” com Gogishvili.

“Ao saber, sendo homens, eles se beijam, se abraçam, se tocam em várias partes do corpo, inclusive na área genital, enquanto a descrição dos vídeos contém o seguinte: Como dorme um casal gay? Beije-me a noite toda”, dizia o documento do tribunal.

A polícia disse que descobriu a filmagem durante uma inspeção da conta do casal no YouTube, de acordo com o documento do tribunal. Eles também alegaram que quase 1.800 dos mais de 64 mil inscritos no canal tinham menos de 18 anos de idade.

Um vídeo postado no feed do casal no Telegram mostrou a polícia escoltando Xu algemado. Outra imagem compartilhada no feed do Telegram mostra Xu parado ao lado de um carro da polícia. A legenda diz que ele estava sendo enviado para o centro de detenção temporária para cidadãos estrangeiros.

Xu ainda não foi deportado e ele ainda tem a oportunidade de recorrer da decisão do tribunal, acrescentou o advogado. A CNN entrou em contato com a embaixada chinesa em Moscou para comentar a prisão.

A lei foi adotada pela primeira vez na Rússia em 2013 e proibiu a divulgação de informações relacionadas a conteúdos LGBTQ para menores. Desde então, a lei foi ampliada várias vezes.

A Human Rights Watch descreveu a lei como um “exemplo descarado de homofobia política”.

Em novembro de 2022, a câmara alta do Parlamento da Rússia votou por unanimidade para endurecer a lei, para torná-la aplicável a russos de todas as idades.

Indivíduos que espalharem o que o projeto de lei chama de “propaganda LGBT”, ou tentarem fazê-lo, podem ser multados em cerca de US$ 5.000, enquanto pessoas jurídicas podem ser multadas em até US$ 62.000. Estrangeiros podem ser presos por até 15 dias ou deportados, conforme o texto do projeto.

A lei foi ampliada em dezembro de 2022, tornando ilegal qualquer pessoa promover relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo ou sugerir que orientações não heterossexuais são “normais”.

A proibição foi aprovada por Putin poucos dias depois que uma nova lei de “agentes estrangeiros” entrou em vigor, quando o Kremlin reprimiu a liberdade de expressão e os direitos humanos em meio a sua operação militar na Ucrânia.

O pacote de emendas assinado por Putin também incluiu penalidades mais pesadas para qualquer pessoa que promova “relações e/ou preferências sexuais não tradicionais”, bem como pedofilia e transição de gênero. Pela nova lei, foi banido da internet, mídia, livros, serviços audiovisuais, cinema e publicidade.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil