• Zoe Kleinman
  • Da BBC News

Há 1 hora

Uma imagem do vídeo do meteoro postado por Mary McIntyre que foi banido pelo Twitter

Crédito, Mary McIntyre

Vídeo do meteoro postado por Mary McIntyre foi banido pelo Twitter

Uma astrônoma de Oxfordshire, no sudeste da Inglaterra, está com a conta do Twitter bloqueada desde agosto de 2022, quando compartilhou um vídeo de um meteoro que chamou a atenção das ferramentas automatizadas de moderação da plataforma.

Mary McIntyre foi informada de que seu clipe animado de seis segundos apresentava “conteúdo íntimo”, compartilhado sem o consentimento do participante.

Sua única opção era deletar o tuíte.

Mas, ao fazer isso, ela concordaria que havia violado as regras da rede social.

O bloqueio inicial de 12 horas já dura três meses — e ela esgotou o processo de apelação online.

“É uma loucura … eu realmente não quero que fique registrado que estou compartilhando material pornográfico quando não fiz isso”, diz ela sobre a recusa em deletar o tuíte.

A conta ainda está visível, mas McIntyre não consegue acessá-la.

Desde que o Twitter foi comprado por Elon Musk, milhares de funcionários foram demitidos ou deixaram seus empregos. Mas, mesmo antes disso acontecer, McIntyre descobriu que era impossível falar com alguém dentro da empresa sobre seu problema.

“Se eu não estava recebendo uma resposta humana antes [de Musk assumir], acho que a probabilidade de obter uma agora é zero.”

Yoel Roth, então chefe de segurança e integridade do Twitter, tuitou que as demissões da empresa não afetaram “a maioria” dos 2 mil moderadores de conteúdo que trabalham “na linha de frente da revisão”. Desde então, ele próprio pediu para sair.

Mary McIntyre

Crédito, Mary McIntyre

Mary McIntyre é uma divulgadora da astronomia

O bloqueio

A BBC enviou um tuíte para a conta de suporte da plataforma e tentou entrar em contato com Musk via SpaceX, porque o Twitter não possui atualmente um departamento de comunicação. Não houve resposta.

McIntyre disse que outros astrônomos compartilharam o vídeo em seu nome sem consequências.

Ela tem receio de que, se concordar com as regras do Twitter para restabelecimento da conta, sua contravenção inexistente possa ser descoberta, uma vez que ela passa por verificações regulares para trabalhar com crianças em idade escolar, dando aula de astronomia.

“Sinto falta da interação”, disse ela sobre a conta bloqueada. “Sinto como se estivesse com o contato cortado com o mundo da astronomia.”

O meteorologista americano Ryan Vaughan enfrentou um bloqueio semelhante depois de compartilhar um vídeo de colheitadeiras (tipo de máquina agrícola) trabalhando em um campo à noite. Isso também foi identificado como um “momento íntimo”.

Vaughan acabou optando por excluir o tuíte e aceitar injustamente que havia violado as regras da comunidade da plataforma porque queria sua conta de volta.

“Não é justo e é errado”, ele tuitou. “Isso precisa ser corrigido.”

Há também relatos de contas do Twitter sendo identificadas erroneamente como pertencentes a crianças menores de 13 anos e bloqueadas — incluindo a de uma instituição de caridade para famílias de pessoas que foram mantidas como reféns e a de um jornalista da BBC.

Decisões rápidas e rasteiras

A comentarista de tecnologia Kate Bevan disse que isso é um exemplo das limitações das atuais ferramentas de inteligência artificial usadas pelo Twitter e outras redes sociais para realizar tarefas de moderação.

“As ferramentas de inteligência artificial são OK para decisões rápidas e rasteiras, mas mostram que a moderação de conteúdo em larga escala é realmente difícil — tanto para os humanos quanto para as ferramentas de inteligência artificial que os apoiam”, avalia.

“É ainda pior quando não há humanos disponíveis para revisar as decisões erradas da inteligência artificial. Além da injustiça, isso significa que o modelo de inteligência artificial não está recebendo feedback, então nunca vai aprender a melhorar.”

Não é, no entanto, um problema exclusivo do Twitter. Em 2021, o dono de uma pequena galeria de fotos digital teve fotografias da vida selvagem, de paisagens e prédios bloqueadas pelo Facebook, sob o argumento de que continham conteúdo “abertamente sexual”.

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Fonte: BBC