A indicação do nome do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para compor a chapa do ex-presidente Lula (PT) na disputa eleitoral deve ser vista como um símbolo de “união de uma porção expressiva do Brasil”, avaliou o cientista político e sociólogo Antônio Lavareda em entrevista à CNN neste sábado (9).

Lavareda relembra que Lula e Alckmin, adversários políticos nas eleições presidenciais de 2006, “protagonizaram a eleição mais polarizada, no ponto de vista da distribuição de votos, da nova República: os dois candidatos tiveram 91% dos votos válidos naquela eleição”, pontuou o sociólogo. “O significado é basicamente de complementaridade”.

Após a aprovação do nome pelo PT, dado como certo pelo próprio Lula, a expectativa é que ambos saiam em “caravanas” pelo Brasil a fim de angariar votos, segundo informou o analista de política da CNN Kenzô Machida.

Para Lavareda, há possibilidade dessa estratégia atrair votos para a chapa, já que Alckmin, “até as últimas pesquisas que tinham seu nome incluído na disputa do governo de São Paulo, liderava com cerca de 30%”, afirmou.

Antônio Lavareda também analisou repercussões recentes associadas a Lula, especialmente no que diz respeito à chamada “pauta de costumes”. O petista afirmou, nesta semana, que todos deveriam ter acesso ao aborto, mas depois recuperou o assunto para ressaltar que ele se posicionava pessoalmente contra o procedimento.

“Com certeza [a pauta de costumes] vai ser cultivada e explorada pela campanha de [Jair] Bolsonaro, na tentativa de recuperar o máximo possível do eleitorado conservador que consagrou seu nome em 2018″, disse.

Porém, o sociólogo ressaltou que “é importante que a campanha enverede os grandes problemas do país”, especialmente a situação econômica, julgada como “a principal demanda e expectativa dos eleitores” em relação às eleições.

Disputa poderá ter formato “quadrangular”

Enquanto a chapa PT-PSB caminha para a consolidação, candidatos da autodenominada “terceira via” esperam chegar a um consenso em breve. Para Lavareda, “já está ficando tarde” para o lançamento do nome único, especialmente ao se considerar que “a articulação será sequenciada pela opção dos eleitores”, afirmou.

“A fragmentação só vai ser vencida de fato se o eleitorado se adequar a essa nova oferta. Está ficando tarde, mas ainda há tempo para que esses partidos, que se denominam do centro-democrático, unifiquem sua oferta eleitoral [para que] possamos assistir algum candidato de fato competitivo”.

Dessa forma, a disputa poderia alcançar um formato “quadrangular”, diz Lavareda, que considera o pedetista Ciro Gomes como um nome à parte, já que se insere no campo da centro-esquerda, avaliou o cientista político.

Fonte: CNN Brasil