A Agência Espacial Europeia (ESA) está celebrando 20 anos de lançamento de sua sonda Mars Express, cujo objetivo é estudar a atmosfera e o clima do chamado Planeta Vermelho, desvendando sua estrutura, mineralogia, geologia e procurando indícios, agora confirmados, de água em sua superfície.

Nas duas décadas de operação do veículo de observação, capaz de fotografar o planeta em altitude de 300 km e gerar imagens de até 50 km de largura, a agência obteve feitos acima do esperado para o primeiro satélite europeu de estudo em Marte.

Foram 1,1 bilhão de km percorridos em mais de 24 mil órbitas do planeta, mais de 1.800 artigos científicos publicados usando dados fornecidos pela missão e vida útil superior à esperada, uma vez que, inicialmente, a sonda só operaria por 687 dias.

E para coroar o trabalho realizado, a ESA apresentou uma imagem simulada com 90 capturas fotográficas, com contrastes e detalhes riquíssimos, mostrando que o Planeta Vermelho é, na verdade, um mosaico repleto de cores.

Planeta Marte, de acordo com a sonda Mars Express / Reprodução/ESA

A ESA explica que a visão é simulada de um ponto de vista de 2.500 km acima da superfície, apresentando sistemas de cânions colossais nas cores vermelha, verde e azul, com resolução espacial de 2 km por pixel.

Equipamentos de ponta

Para a missão, cujo lançamento ocorreu em 2 de junho de 2003, o equipamento recebeu oito itens com as tecnologias mais avançadas para a época: câmara estéreo de alta resolução (HRSC); espectrômetro de mapeamento mineralógico visível e infravermelho (OMEGA); altímetro de radar de som subsuperficial (MARSIS); espectrômetro planetário de Fourier (PFS); espectrômetro atmosférico ultravioleta e infravermelho (SPICAM); analisador de átomos neutros energéticos (ASPERA); câmera de monitoramento visual (VMC) e rádio orbital experimental (MaRS).

Tais instrumentos possibilitaram a ESA descobrir com exatidão as cores da superfície do planeta, missão considerada difícil devido à poeira presente na atmosfera marciana. Por conta disso, a expertise da equipe com a câmara estéreo de alta resolução (HRSC), com o emprego de cores derivadas de imagens de alta altitude, permitiu a preservação das variações de cores, formando o que a agência espacial considera como imagens nunca vistas.

Os tons de vermelho são causados por altas concentrações de ferro oxidado. As regiões acinzentadas, mais escuras, são formadas por areia basáltica de origem vulcânica, enquanto as manchas mais claras, os tom de bege, reforçam a presença de minerais como argila e sulfato.

A grande “cicatriz” na área central do planeta, que circula entre as cores azul celeste, petróleo e a verde, é a chamada Valles Marineris — sistema de cânions que se estendem por mais de 4.000 km.

A sonda, que já alcançou feitos inéditos, deverá ficar em operação até o ano de 2026.

Marte é logo ali

Em 2018, Marte esteve a apenas 57,58 milhões de km da Terra, por conta de um fenômeno que ocorre a cada 15 anos, quando o nosso planeta se posiciona exatamente entre Marte e o Sol, tornando este o momento de maior aproximação. Em média, a distância entre os planetas é de cerca de 225 milhões de quilômetros — os valores são aproximados e podem variar em cada evento astronômico.

Vale lembrar que o próximo alinhamento entre a Terra, Marte e o Sol deve ocorrer daqui a dez anos, em 2033.

Fonte: CNN Brasil