Artesanal –qualquer queijo, pão, embutido ou hambúrguer servido em um restaurante de São Paulo.

Badalado –adjetivo destituído de sentido, usado por resenhistas de gastronomia para definir pessoas e lugares sem predicados reais. Veja também descolado e antenado.

Conceito –conjunto de atributos fictícios arquitetado por assessores, cujo intuito é tentar salvar restaurantes banais e medíocres. Sinôn.: proposta.

Diferenciado –no linguajar das ruas, algo muito top. Ex.: “O cardápio do chef Adamastor inova com um conceito diferenciado e autoral.”

Funcional –eufemismo para comida sem graça feita para pessoas que não gostam de comer. Ex.: “Como opção de prato funcional, temos hoje o quibe fit de chuchu light e farelo de trigo.”

Gourmet –mais caro. Ex.: “Nosso brigadeiro gourmet leva margarina artesanal.”

Hambúrguer de picanha –entidade lendária da gastronomia bandeirante, habita o folclore dos restaurantes ao lado do salmão selvagem e das verduras orgânicas.

Hostess –figura cuja existência se destina a acrescentar alguns reais à conta do restaurante. É, entretanto, muito querida dos paulistanos: eles a consideram diferenciada e topzera. Veja também barista e valet parking.

Intimista –espaço diminuto, apertado, barulhento e abafado. Ex.: “Badalado e descolado, o novo point do restauranteur Apolônio Basfond tem ambiente intimista para 14 pessoas e espera de até 4 horas por uma mesa”

Italiano –língua corrente nos nomes e cardápios dos estabelecimento paulistanos. Sua gramática é muito simples. Basta pegar a palavra em português, duplicar algumas letras e colocar um “e” no final dos vocábulos terminados em “l” e “r”. Ex.: “sallamme arttesanalle”.

Lounge –palavra estrangeira que significa “mantenha distância”. Ex.: “Fique lounge daquela nova temakeria gourmet de Moema.”

Óleo trufado –condimento de propriedades quase sobrenaturais. Ao mesmo tempo em que estraga qualquer comida, eleva seu preço em pelo menos 50%.

Para compartilhar –expressão que designa pratos em miniatura vendidos pelo preço da porção normal. Ex.: “Para o casal jantar bem, recomendo cinco ou seis das nossas sugestões para compartilhar.”

Ponto da casa –cozinheiro que não sabe grelhar carnes. Ex.: “O ponto da casa é rosado, quase sangrando. Tomou sol sem passar protetor.”

Redonda –palavra usada por jornalistas de gastronomia para evitar repetir o termo “pizza” em um texto curto sobre pizzas. Fora do meio, contudo, ninguém chama uma pizza de “redonda”. A única palavra que define uma pizza é “pizza”.

Saint Petertilápia.

Tatuagem –desenho subcutâneo a que os cozinheiros profissionais atribuem o poder de desenvolver suas capacidades laborais. Veja também: barba e alargador de orelha.

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Fonte: Folha de S.Paulo