Apelidaram de sommelier de vacina o indivíduo que se julga no direito de escolher a grife de imunizante.

Engraçado, mas um bocadinho injusto com os sommeliers –classe a que eu pertenço mais ou menos.

O “mais ou menos” é porque eu fiz um curso de sommelier de cerveja, mas nunca trabalhei no setor. Como alguém que tirou brevê, mas nunca voou por conta própria: não é exatamente um piloto de avião.

Na gíria das redes, o sommelier é associado a uma figura esnobe, exigente, chata, fresca nas suas escolhas.

É preciso admitir a natureza meio besta do sommelier, mas sua função envolve muito estudo e trabalho. Originalmente exclusivo do universo do vinho, o sommelier é o profissional responsável pela seleção das bebidas a serem compradas e servidas, pela elaboração da carta dessas bebidas e por orientar a escolha do cliente.

É alguém que precisa saber muito de vinho, de cerveja ou sei lá qual bebida o sommelier for especialista. Taí o primeiro grande engano em comparar o profissional com o tipo que quer vacina de marca: o mané da vacina não entende patavina do assunto, é perito de grupo de zap.

A segunda mancada com os sommeliers é rotulá-los como pessoas que só aceitam os produtos mais prestigiados ou premiados.

Na minha turma de curso de sommelier de cerveja, a gente ia tomar cerveja de garrafa grande nos botecos mais suspeitos. Sei de um profissional ilustríssimo do vinho que era visto bebendo cabernet chileno baratinho nas festas que frequentava.

Porque era o vinho que tinha.

O sommelier de vacina prefere ficar de fora da festa a tomar o que está lá, à sua disposição. Ele é o fim da picada.

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Fonte: Folha de S.Paulo