A raiz da semelhança é: ambas as coisas se pretendem sofisticadas, mas são simplesmente abomináveis.

O sapatênis é um calçado híbrido inventado para aqueles que querem o conforto e o preço do tênis, com a elegância de um bom par de sapatos de couro italiano. É como botar uma carroceria de fibra num Fusca para parecer um Porsche. Não rola. É impossível.

O mesmo com o tal azeite trufado. As trufas brancas, dentro do imaginário gastronômico, são o que há de mais prestigiado –eu as considero supervalorizadas, o que é assunto para outro texto.

Ainda não se inventou um método eficaz para extrair o aroma das trufas brancas, o que não intimida os mercadores de “iguarias”. Vende-se um azeite temperado com uma substância aromática sintética, coisa barata e vagabunda. E que tem o poder de empestear qualquer ambiente com seu cheiro enjoativo.

Outro ponto de semelhança entre o sapatênis e o azeite trufado: os dois têm o toque de Midas invertido. Estragam qualquer coisa de que participem. Não importa se os outros elementos do conjunto são o máximo: pode ser um terno de milhares de reais ou uma massa com queijo parmigiano-reggiano envelhecido por 36 meses.

Mas o pessoal ainda acha chique e usa. Vá entender.

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Fonte: Folha de S.Paulo