De olho na volta do turismo internacional, o governo argentino lançou uma medida para que a moeda estrangeira trazida pelos visitantes não vá parar no famoso mercado clandestino.

A Argentina vai abrir as fronteiras para estrangeiros na próxima segunda-feira (1º).

Os turistas costumam preferir o mecado clandestino porque há uma diferença de quase 100% entre o valor do dólar oficial (98,7 pesos) e o chamado dólar blue ou paralelo (194 pesos). Para quem vem de fora com dólares ou reais, é mais negócio trocar dinheiro no mercado ilegal, que funciona em casas de câmbio clandestinas ou opera com os chamados “arbolitos”, vendedores que fazem entregas pessoalmente e são muito acessíveis aos turistas.

Com essa diferença entre os dois câmbios, gastos em cartão de crédito ficam inviabilizados, ainda mais com as taxas cobradas em operações desse tipo.

A medida do governo permitirá que turistas abram contas bimonetárias temporárias, podendo trocar seu dinheiro por um valor entre o oficial e o paralelo, em que um dólar equivaleria ao dólar MEP (ou do mercado de capitais), que atualmente está em 180 pesos —neste valor, porém, o blue continuará sendo mais vantajoso.

A conta dará direito a um cartão de débito para ser usado em lojas e restaurantes ou para saques em pesos argentino nos caixas eletrônicos. Essa conta, porém, terá de ser aberta exclusivamente por pessoas que residam no exterior e terá de estar vinculada à conta bancária do usuário em seu país de origem.

Será possível fazer transferência do banco em que o turista tem conta em seu país para o banco na Argentina e, assim, carregar o cartão. O visitante poderá ter no máximo US$ 5.000 nessa conta, que não poderá ter nenhum recurso de investimento.

A operação será temporária, e a conta só poderá ser usada durante a viagem do turista. No fim, se ficar um resíduo na conta argentina, o valor será transferido à conta de origem do usuário, em seu país.

A conta argentina poderá ser aberta antes da chegada, mas para ter acesso ao cartão, o turista terá de marcar um horário no banco para retirá-lo.

Segundo o comunicado do Banco Central argentino, a ideia é também a de evitar que as pessoas andem com muito dinheiro no bolso, correndo o risco de serem assaltadas. Além disso, a medida responde a uma falta de notas que vem se transformando em um problema crônico no país por conta da alta inflação, que já chega aos 48%.

Fonte: Folha de S.Paulo