Existem apenas dois tipos de casal –não importam sexo, gênero e suas múltiplas combinações.

Os casais com tesão. Para eles, todos os dias são Dia dos Namorados. Outro dia vi um desses pela janela do ônibus e, confesso, fiquei com inveja.

Aí temos os casais já surrados pela rotina, pela opressão dos boletos, pela atração irresistível de se irritar com as manias alheias e pelas flatulências involuntárias (ou não) dx parceirx.

Acontece. É uma questão de tempo e de tolerância individual.

Para os casais cansados, o Dia dos Namorados parece uma boa oportunidade de repensar implicâncias, de retomar a antiga paixão, de sacolejar essa bagaça toda.

E aí surge a genial ideia de passar a noite dos namorados num restaurante. Mas por quê? Quem disse que amor e sexo combinam com comida?

Nos distantes anos 1990, uma picaretagem cinematográfica chamada “9 ½ Semanas de Amor” trazia uma cena de alta voltagem erótica para aqueles tempos. A personagem de Kim Basinger era vendada e amarrada em uma cadeira pelo yuppie (pesquise no Google, caso não saiba o que é) atormentado interpretado por Mickey Rourke –considerado lindo e sexy naqueles tempos, por mais absurdo que possa parecer hoje em dia.

Mickey abria a geladeira para brincar de adivinha com Kim. Esfregava gelo em seus lábios. Dava-lhe morangos lascivamente vermelhos.

Quando ele lhe metia pimenta ardida boca adentro, a mulher ia ao inferno, ao paraíso e voltava. Então o macho misterioso a banhava em leite, numa tomada épica da estética oitentista.

O filme não mostra o coolzão Mickey Rourke limpando a lambança no dia seguinte.

Comida afrodisíaca é uma fraude. Pimenta irrita as mucosas, o que causa sensações que vão do leve comichão à dor lancinante. Todas as mucosas. Já tive uma overdose de pimenta: urinar era algo entre o interessante e o insuportável.

Dependendo do desejo da ocasião, pode até funcionar. Mas não é um estimulante, é só um multiplicador de sensações.

Comer transfere a corrente sanguínea para o processo digestivo. Apagão no cérebro. Dá sono e sensação de peso. É péssimo para a atividade sexual.

Ostras? Sashimi? Gente, isso não passa de associação visual tacanha com a aparência da genitália feminina.

Temos, por fim, casos de vigarice indisfarçável.

O mais evidente: fondue. De carne? Por menos que se coma, o cheiro de óleo torna desagradável a proximidade. Queijo? Um tijolo no estômago.

Quando a comida estava escassa, os vaqueiros suíços faziam fondue com cascas e outros pedaços duros de queijo. Imagine o romance que rolava naqueles jantares…

Enfim, um humilde conselho aos que ainda acreditam no amor:

Sexo antes, jantar depois. Tanto faz o cardápio. Só evite o queijo derretido.

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Fonte: Folha de S.Paulo