SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dionne Warwick, aos 82 anos, coleciona números impressionantes. Já vendeu mais de cem milhões de discos, venceu seis prêmios Grammy, liderou duas vezes a parada Billboard Hot 100 –o ranking dos maiores hits das rádios americanas– e lançou 40 álbuns.

Após passagem por Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília, a lenda do pop desembarca em São Paulo mais uma vez para um show no domingo (28), no Espaço Unimed. O show faz parte da turnê “One Last Time”, ou uma última vez. Mas calma lá, a turnê não é sua última. “Não devia ter dado este nome”, diz em tom de brincadeira. “Vou só me acalmar e fazer menos shows.”

A cantora tem um longo histórico com o Brasil. Já cantou ao vivo com Gal Costa e Emílio Santiago; em 1994, lançou o disco “Aquarela do Brasil”, que teve participação de Chico Buarque; morou no país por seis anos, no Rio de Janeiro e em Salvador, e planeja se mudar para a Bahia quando se aposentar.

Warwick diz que está refletido muito sobre o passado –e tem opiniões fortes sobre a indústria da música. A cantora afirma, por exemplo, detestar as batidas contundentes do pop contemporâneo e acredita que tem faltado suavidade. “Quem quer ouvir uma canção barulhenta com palavrões? Eu não.”
Warwick também diz não gostar de consumir música pelo celular, com fones de ouvido. “O que as pessoas escutam agora vem de um computador, e um computador não tem sentimentos, não tem emoção. Precisamos voltar ao básico e ouvir um violino de verdade. A emoção vem da pessoa que toca o violino. Escuto o rádio, escuto CDs. É uma pena que muitas estações de rádio não existam mais.”

A cantora, por outro lado, diz aprovar os avanços sociais da indústria, principalmente aqueles que estão tentando pôr um fim aos abusos contra mulheres. “Já fui abusada verbalmente. Hoje as mulheres estão refutando todas as coisas malucas ditas a respeito delas. É importante escutá-las.”

Com o documentário “Dionne Warwick: Don’t Make Me Over”, ainda sem previsão de estreia no Brasil, ela própria passa a limpo sua história, da infância cantando em igrejas até se tornar uma artista negra que, em plena turbulência do movimento dos direitos civis, mesclava R&B e pop de maneira indivisível.

O longa-metragem traz imagens do arquivo pessoal da cantora e depoimentos de artistas do calibre de Elton John, Alicia Keys e do célebre compositor Burt Bacharach, morto em fevereiro. Bacharach, ao lado de Hal David –que morreu em 2012–, escreveu dezenas de sucessos imortalizados na voz de Warwick, como “I Say a Little Prayer”, “Walk on By”, “I’ll Never Fall in Love Again” e “A House Is Not a Home”.

Uma composição de Bacharach em específico, “That’s What Friends Are For”, simboliza outro momento importante da trajetória de Warwick. Lançado em 1985, o single, que ela canta com Elton John, Gladys Knight e Stevie Wonder, teve os lucros doados para a Fundação para a Pesquisa da Aids.

Em 2023, 68 anos após a cantora iniciar a carreira profissional, seus fãs têm uma penca de materiais à disposição. Em fevereiro, ela lançou “Peace Like a River”, um single gospel gravado com Dolly Parton. A música antecipou um álbum todo do gênero, que ela planeja lançar ainda este ano.

DIONNE WARWICK

Quando: Dom. (28), às 20h
Onde: Espaço Unimed – r. Tagipuru, 795, São Paulo
Preço: A partir de R$ 300
Classificação: 12 anos
Link: https://www.ticket360.com.br