O árbitro Anderson Daronco terá de pagar R$ 5 mil em cestas básicas e emitir uma nota de esclarecimento após ser denunciado pelo Atlético-MG por “coagir de forma arbitrária, truculenta e com abuso de poder” o atacante Hulk. As ações fazem parte de uma Transação Disciplinar acolhida por Daronco após proposta da Procuradoria do STJD, que homologou a medida nesta quarta-feira.

O episódio que desagradou os atleticanos ocorreu no dia 10 de julho, quando o time mineiro empatou com o São Paulo pelo Campeonato Brasileiro. Hulk teve um momento de discussão com Daronco no gramado do Mineirão e, após a partida, relatou ter sido abordado em tom de ameaça pelo juiz gaúcho.

“Quando estava acabando o jogo ele falou assim: ‘Cuidado com o que você vai falar lá fora’. Eu falei ‘por que?’, e ele respondeu ‘porque não é o último jogo que eu vou apitar de vocês’. Isso é uma ameaça ou não? Eu não sei. Diante dos meus quatro filhos, foi a conversa que eu tive com ele ali”, disse o atacante.

Após o relato do jogador, o Atlético-MG entrou no STJD com uma notícia de infração denunciando o comportamento do árbitro. O departamento jurídico do clube apontou infrações dos artigos 258, 259 e 273 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e do artigo 8 do Código de Ética e Conduta do Futebol Brasileiro.

A Procuradoria enquadrou o caso apenas no artigo 258, que prevê a pena de multa de R$ 5 mil convertidos em cestas básicas por conduta antidesportiva. Daronco fará as doações para duas instituições mineiras indicadas pelo STJD: O Projeto Social Lar Batista Regular e A Casa de Acolhida Padre Eustáquio (CAPE). Além disso, terá de emitir uma nota ao Atlético-MG e a Hulk esclarecendo os fatos.

O árbitro, que aceitou a Transação Disciplinar, afirmou ao Tribunal que “jamais desejou desrespeitar ou ameaçar qualquer atleta, que nos jogos os ânimos ficam inflamados, que os árbitros precisam controlar a partida e aplicar medidas disciplinares cabíveis e que muitas vezes a advertência verbal é suficiente para resolver conflitos sem a necessidade de apresentar cartão”.

Daronco também disse que a situação do jogo permitia a ele punir Hulk com cartão amarelo ou vermelho, mas preferiu fazer apenas a advertência verbal, uma vez que a partida já estava nos acréscimos. Ele admitiu a possibilidade de ter sido “ríspido, mas sem faltar com respeito” e negou o uso de tom de ameaça, além de ter garantido que não existe nenhum tipo de perseguição a atletas ou comissões técnicas.

Quando ao fato de dizer que aquele não seria o último jogo que apitaria do Atlético-MG, afirmou ter se referido “à expectativa do comportamento do atleta em jogos futuros, desejando um convívio harmonioso e respeitoso para tais jogos, porque Hulk é um craque do nosso futebol”.