CARLOS ALBUQUERQUE
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O combo especial oferecido no palco Sunset neste sábado no Rock in Rio, chamado “Soul Brotha #100”, era de dar água na boca: CeeLo Green com molho de James Brown. E o público curtiu a mistura, deliciando-se com o projeto especial no qual o cantor, rapper e ex-jurado do programa The Voice homenageia o “godfather” do soul, morto em 2006, aos 73 anos.

Acompanhado por uma superbanda funk, Green, vestido todo de dourado, conectou alguns dos mais explosivos hits do “Mr.Dynamite” com temas do seu próprio repertório. Inflamado do começo ao fim, apesar da chuva, o show justificou a convocação feita pelo astro de 47 anos, mais cedo em seu perfil no Instagram: “I wanna see you #chao”.

Talentoso, errático e problemático com antigas declarações infelizes sobre estupro e gays, Green fez um tributo nada ortodoxo, com citações ao Daft Punk, Michael Jackson, Sly Stone e Rare Essence, banda símbolo da go-go music, uma variação mais percussiva do funk.
Mas foi só quando ele deixou a banda ser levada pelos hipnóticos grooves de Brown -“The Payback”, “Get Up Offa that Thing”, “Sex Machine”, “It’s a Man’s Man’s World”, com a participação surpresa de Luisa Sonza – que o show entrou em outro patamar e o Sunset virou pista de baile charme, com passinhos e tudo. Nada que lembrasse o mais recente álbum de Green, o introspectivo “CeeLo Green is Thomas Callaway”, de baladas soul-country.

No final, Green tirou o homenageado do molho e trabalhou com seus próprios ingredientes, sem deixar a temperatura cair, emendando o hit “Crazy”, do grupo Gnarls Barkley, com “Fuck you”, voltando a Brown no encerramento com “I Feel Good”. Combo funk aprovado.