CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Em 4 dos 10 pontos classificados como impróprios para banho na Praia Central de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, a presença de coliformes fecais atingiu ou ultrapassou o nível máximo na medição feita pelo Ima (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina).

Os quatro pontos ficam na altura das ruas 3000, 4000, 3500 e 1400 da Praia Central, que passou por uma megaobra de alargamento da faixa de areia e teve sua largura ampliada de 25 metros para 75 metros.

Para a Emasa (Empresa Municipal de Água e Saneamento), autarquia ligada ao município, as chuvas alteram o resultado da coleta de balneabilidade.

As amostras de água do mar foram coletadas no dia 2 de fevereiro pelo IMA, órgão responsável pelo monitoramento da balneabilidade no estado.

Na análise, a maior concentração da bactéria Escherichia coli que se consegue identificar é de 24.196 para cada 100 mililitros (ml) de água do mar.

De acordo com a resolução 274/2000 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), um ponto é considerado impróprio para banho quando em mais de 20% de um conjunto de amostras -coletadas nas cinco semanas anteriores, no mesmo local- houver mais de 800 Escherichia coli por 100 mililitros, ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2.000 Escherichia coli por 100 mililitros.

Os outros seis pontos impróprios para banho na Praia Central são: Pontal Norte, rua 1001, rua 2000, Pontal Sul na rua 4900, rua 2500 e rua 51.

As más condições de balneabilidade marcam o segundo verão com “praia ampliada” de Balneário Camboriú.

Desde que a obra foi entregue, no fim de 2021, houve aquecimento do turismo na região, mas também relatos mais frequentes sobre a formação de bancos de areia na praia, além de alertas de especialistas sobre impactos no ecossistema.

O IMA reforça que a identificação de coliformes fecais representa “ambiente suscetível à presença de outros patógenos que podem levar a doenças como gastroenterites e viroses e outras mais graves, mas menos comuns, como hepatite, cólera e febre tifoide”.

ÓRGÃO CULPA VOLUME DE CHUVAS

Em nota, a Emasa afirmou que fortes chuvas que atingem a região desde o final do ano passado alteram o resultado da análise.

“Durante praticamente todo o ano de 2022, tanto as Praias Agrestes como a Praia Central apresentaram balneabilidade positiva em todos os pontos analisados pelo IMA. Foi a partir do fim de novembro, quando a região teve médias altíssimas de chuva em curto espaço de tempo, que as nossas praias e outras do litoral de SC sofreram com o reflexo das fortes chuvas”, diz a nota.

O órgão disse, ainda, que manter a coleta no período de chuvas representa “uma falta de compromisso com a real condição do mar”. E informou que está contratando um laboratório próprio para, assim, comparar suas análises com o levantamento do IMA.

O IMA, por sua vez, afirma que faz “uma avaliação sistêmica no campo ambiental”, obtendo resultados a partir de “diferentes situações de maré, temperatura de água, temperatura do ar, direção e força do vento e precipitação volumétrica”. Diz também que a manipulação de cenários para a coleta de amostras, como alteração de frequência para evitar períodos chuvosos, leva a “resultados tendenciosos e de perigosa subestimação de risco sanitário”.

O instituto reforça que segue a resolução do Conama sobre o monitoramento da balneabilidade.

“A resolução não dá margens a interpretações diversas, motivo pelo qual o entendimento do IMA é o mesmo de todos os órgãos ambientais estaduais que realizam o monitoramento da balneabilidade”, conclui.