(FOLHAPRESS) – A prefeitura desativará os leitos de maternidade do Hospital Municipal Vila Santa Catarina (Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho), na zona sul de São Paulo. O objetivo, segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), é ampliar o número de leitos e vagas para atendimento de pacientes com câncer.

A unidade, que fica na Vila Santa Catarina, é o único hospital oncológico de alta complexidade da rede municipal. Dos 247 leitos, 98 são voltados à internação de cirurgia oncológica e 34, à maternidade. Os demais são para tratamento clínico, incluindo oncologia.

“O paciente entra no serviço de oncologia e fica ao menos cinco anos. Ele necessita de internações periódicas, cirurgia, quimioterapia… Precisamos dos leitos e do espaço onde funciona o centro obstétrico. Vamos fazer mais salas cirúrgicas. Hoje, só temos duas para robótica”, afirma à reportagem o secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco.

“Vamos ampliar a oferta de oncopneumologia. Na cidade, só o A.C. Camargo faz. Se você olhar na lista de espera, são os pacientes que estão aguardando há mais de 60 dias, e a legislação exige que temos que atendê-los em até 60 dias”, acrescenta o secretário.

A lei 12.732, de 2012, estabelece que o primeiro tratamento oncológico no SUS deve ser iniciado em até 60 dias a partir da assinatura do laudo com o diagnóstico ou em prazo menor, conforme necessidade.

“Temos na cidade uma demanda grande. Inclusive, fomos acionados pelo Ministério Público e estamos respondendo pelo atendimento de oncologia para que ocorra em até 60 dias a partir do diagnóstico. Nós tivemos que fazer contratos com A.C. Camargo e IBCC. Mesmo na medicina privada não conseguimos contratos para atender toda a demanda do município.”

Segundo Zamarco, além de reorganizar o atendimento oncológico no Vila Santa Catarina, a pasta está em conversa com a Secretaria de Estado da Saúde.

“Vamos verificar quanto a Secretaria de Estado da Saúde vai fazer de hospital de oncologia, porque ela colocou o Icesp [Instituto do Câncer do Estado de São Paulo] no município de São Paulo, mas ele também está sobrecarregado. Estamos vendo qual será o nosso próximo passo.”

A desativação da maternidade do Vila Santa Catarina será gradativa. Os partos serão feitos até agosto, e os exames de pré-natal de alto risco, até setembro deste ano. A partir daí, gestantes serão encaminhadas a outras maternidades por meio da Central de Regulação do município, que distribui as vagas.

Zamarco diz que ninguém ficará sem atendimento. “Nesses 1.200 leitos públicos que já temos na cidade para maternidade, a média de ocupação tem ficado em 75%. Não vai faltar vaga. Todos os nossos berçários têm capacidade para partos prematuros. Contratamos o serviço de monitoramento cerebral para todas as maternidades municipais.”

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, de janeiro a junho deste ano, o pronto-socorro obstétrico do Vila Santa Catarina atendeu cerca de 870 gestantes por mês. Houve, em média, 162 partos mensais. No ambulatório de alto risco, no mesmo período, foram atendidas cerca de 137 gestantes por mês.

A capital tem 30 maternidades públicas, entre municipais e estaduais. Todas contam com UTI preparada para atendimento a prematuros, segundo Zamarco.

O Vila Santa Catarina é administrado pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein desde a sua inauguração, em 2015.

Em maio de 2022, a prefeitura inaugurou no hospital o Centro de Alta Tecnologia em Diagnóstico e Intervenção Oncológica Bruno Covas. Nele, são realizadas cirurgias robóticas de várias modalidades –entre as quais no aparelho digestivo (incluindo a bariátrica), torácicas, ginecológicas, coloproctológicas e urológicas.

“Desde 16 de maio do ano passado estamos voltando o hospital para as áreas de oncologia. Inauguramos centro de tecnologia para exames, estamos instalando PET scan [exame utilizado para o diagnóstico de câncer], ampliamos para quimioterapia e radioterapia. Será como os outros hospitais de câncer”, diz Zamarco.

Na área oncológica, o hospital soma mais de 10 mil consultas por mês, 4.000 exames e 400 cirurgias, de acordo com a secretaria.

Leia Também: Estudo detecta aumento de nova geração de superbactérias em hospitais brasileiros