RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O enviado especial para o clima do governo dos Estados Unidos, John Kerry, viaja a Brasília entre os dias 26 e 28 (deste domingo até a terça-feira) para reuniões com autoridades brasileiras.

Kerry é o principal assessor que trata de mudanças climáticas na equipe do presidente americano, Joe Biden. Segundo a embaixada dos EUA, Kerry “vai dar continuidade ao grupo de trabalho de mudanças climáticas Brasil-EUA, que os presidentes Biden e Lula relançaram durante a reunião de 10 de fevereiro” em Washington.

“Kerry vai se reunir com funcionários do alto escalão do governo brasileiro, representantes do Congresso e líderes da sociedade civil. Eles vão discutir oportunidades para o Brasil e os EUA colaborarem no combate à crise climática, coibindo e revertendo o desmatamento, avançando na transição para a energia limpa e construindo uma bioeconomia forte”, disse a missão diplomática.

Segundo interlocutores, a previsão inicial é que Kerry tenha reuniões com o vice-presidente Geraldo Alckmin e com as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sonia Guajajara (Povos Originários).

Não há informações oficiais sobre encontro de Kerry com Lula, embora não seja incomum o mandatário receber altos funcionários estrangeiros em passagem pela capital.
Um dos focos da viagem de Kerry ao Brasil deve ser o Fundo Amazônia.

Criado em 2008, o fundo atua com pagamentos baseados em resultados de conservação da floresta amazônica. As doações acontecem quando há queda nas taxas de desmatamento, com base nos dados do Inpe. Os pagamentos são voluntários e podem ser feitos por outros governos e também por empresas.

A gestão do fundo é feita pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) junto a dois comitês: um técnico, que certifica dados e cálculos de emissões, e outro orientador, com membros da sociedade civil, que define critérios para aplicação de recursos.

Em comunicado conjunto divulgado após o recente encontro entre Lula e Biden, foi anunciada a possível entrada dos EUA como doador do fundo. “Como parte desses esforços [de combate à crise do clima], os EUA anunciaram a intenção de trabalhar com o Congresso para fornecer recursos para programas de proteção e conservação da Amazônia brasileira, incluindo apoio inicial ao Fundo Amazônia, e alavancar investimentos nessa região muito importante.”