Quando os ex-participantes do Big Brother Brasil Viih Tube e Eliézer contaram que a filha recém-nascida, Lua, precisou fazer uma cirurgia de frenectomia na primeira semana de vida, muita gente se assustou com o termo. Em termos mais gerais, esse procedimento é extremamente comum e evita que a criança tenha a língua presa.

Exatamente por ser simples e fácil de fazer, porém, o tema é alvo de discussão entre os médicos: alguns defendem que o diagnóstico pode ser muito precoce e sem o devido cuidado ao avaliar a necessidade da intervenção. A cirurgiã odonto-pediátrica Fabiana Pimentel explica que o procedimento consiste em um pequeno corte na membrana excedente que estiver abaixo da língua (causando a língua presa) ou no lábio superior, entre os incisivos (causando diastema, um espaço maior que o comum entre os dentes superiores da frente).

Desde 2014, o Ministério da Saúde tornou lei o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês, mais conhecido como “Teste da Linguinha”, realizado em maternidades logo após o nascimento. Todavia, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) entrou com um pedido de revogação da lei em 2019, argumentando que esse teste ocasiona intervenções cirúrgicas desnecessárias e dificulta a identificação de casos mais graves. Até o momento, não houve revogação.

Para a odontopediatra, a necessidade de fazer esse tipo de diagnóstico cedo ajuda a amamentação da criança. “O que mais se conhece popularmente é a língua presa, na fala, mas essa anatomia pode fazer com que o bebê não consiga mamar direito, além de poder prejudicar a entrada do ar nos freios nasais, atrapalhando a respiração, e ocasionar um uso posterior de aparelhos dentários”, afirma.

POR QUE FAZER? A amamentação foi um dos problemas elencados por Viih Tube. “A Lua nasceu com um ‘freio’ na língua, e antes de fazer a frenectomia ela mamou. Fez bolha de sucção, fez várias coisas.”

A especialista ressalta que a amamentação incorreta pode levar ao baixo peso, podendo evoluir para desnutrição. As bolhas costumam representar que o bebê está ingerindo mais ar do que o leite, o que, por sua vez, tende a ocasionar desconfortos, como cólicas ou gases.

Além disso, é comum que as mamas da mãe apresentem feridas e o leite comece a “empedrar”, causando dor e desconforto. “Eu acho que, em relação aos benefícios (da frenectomia), o risco é praticamente zero”, afirma.

As complicações que podem ser causadas pelo procedimento envolvem, além de dores locais, pequenas hemorragias ou inflamação dos pontos. A anestesia dada pela equipe médica é local ou anestesia tópica.

EM ADULTOS. Conforme a especialista, a obrigatoriedade do teste da linguinha foi um dos fatores que contribuíram com a indicação aos pais para optarem pela intervenção cirúrgica o mais cedo possível. “Não tem problema fazer quando criança ou quando adulto, continua sendo simples, só não é comum hoje que não seja feito quando bebê”, diz.

Assim como no bebê, o corte na membrana é feito de forma rápida e com anestesia local, dando ao paciente dois dias de recuperação em casa. Nesta situação, normalmente é necessário o apoio de um fonoaudiólogo – tanto na infância, para melhorar a dicção, quanto depois, para se readaptar. Também é comum que o freio cause impacto na dentição, podendo ser corrigido futuramente com aparelhos ortodônticos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.