15/01/201802h00Em um pequeno descampado, dois jovens carregam um homem em uma maca improvisada. Eles sobem uma ladeira de terra e chamam a atenção por onde passam. Uma das pernas de Mohamed Ayub foi amputada. A outra mal sustenta seu corpo franzino quando ele fica de pé.
Ayub, 45, era fazendeiro na província de Maungdaw, região oeste de Mianmar. Soldados birmaneses chegaram ao vilarejo onde ele vivia e fuzilaram os homens. foram espancadas até a morte. Na fuga, Ayub levou um tiro na perna.
“Nós nos escondemos nas margens do rio, mas os soldados nos acharam e nos atacaram a tiros. Fui carregado pela floresta por dez dias. Consegui fugir para Bangladesh, mas minha família ficou em Mianmar”, diz.”Não sei se ainda estão vivos.”
Logo pessoas o cercam para ouvir a história de mais um sobrevivente. Envergonhado, o homem cobre o que restou da perna. “Quando consegui chegar aqui, os médicos tiveram que amputar minha perna”, explica, antes de seguir para o posto médico.
As histórias contadas em Kutupalong e Balukhali, dois dos maiores campos de refugiados do mundo, invariavelmente incluem episódios de violência, perseguição, medo, desespero e morte.

Fonte: Folha de S.Paulo