Proibir jogadores de tênis russos e bielorrussos do torneio de Wimbledon deste ano devido à guerra na Ucrânia não é discriminatório, dizem os organizadores do torneio Grand Slam.

O presidente do torneio, Ian Hewitt, disse que a invasão da Ucrânia pela Rússia colocou os organizadores em “uma situação extrema e excepcional”, acrescentando que a decisão de implementar uma proibição de jogadores foi tomada de acordo com as diretrizes do governo do Reino Unido.

Essas diretrizes significavam que jogadores da Rússia e da Belarus não poderiam jogar no torneio, que começa em 27 de junho, com base apenas em sua posição no ranking, mas precisariam concordar com uma declaração por escrito contra a guerra na Ucrânia.

“Primeiro, mesmo que aceitemos inscrições de jogadores russos e bielorrussos com declarações por escrito, arriscaríamos que seu sucesso ou participação em Wimbledon fosse usado para beneficiar a máquina de propaganda do regime russo, o que não poderíamos aceitar”, disse Hewitt a repórteres na terça-feira (26).

“Segundo, temos o dever de garantir que nenhuma ação que tomemos coloque em risco a segurança dos jogadores ou de suas famílias.

“Entendemos e lamentamos profundamente o impacto que esta decisão terá em cada indivíduo afetado — e tantas pessoas inocentes estão sofrendo como resultado desta terrível guerra”.

‘Decisão certa e responsável’

A decisão foi recebida com críticas dos órgãos reguladores do jogo, incluindo o ATP e o WTA Tours, e alguns jogadores, incluindo o atual campeão masculino Novak Djokovic e o número 8 do mundo russo Andrey Rublev, que chamou o movimento de “ilógico” e “completa discriminação”.

Rublev criticou a decisão de proibir tenistas da Rússia e da Belarus de competir em Wimbledon. / Reprodução / Instagram / Andrey Rublev

“Não é discriminação na forma que está sendo dita”, afirmou Hewitt. “É uma visão considerada sobre qual é a decisão certa e responsável em todas as circunstâncias.”

Ele acrescentou: “Sabemos que eles [Rússia] têm um histórico de usar o esporte para promover sua causa e isso é um assunto sério para nós, do qual não podemos aceitar que Wimbledon faça parte”.

O Kremlin havia dito anteriormente que a proibição de jogadores russos em Wimbledon como resultado da invasão da Ucrânia pela Rússia é “inaceitável”.

“Fazer atletas vítimas de algum tipo de preconceito político, intrigas, ações hostis em relação ao nosso país é inaceitável. Só podemos lamentar aqui”, disse o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, em uma teleconferência com repórteres no início deste mês.

Enquanto jogadores individuais da Rússia e da Belarus podem competir no ATP e WTA Tours como neutros, esta é a primeira vez que eles são proibidos de competir em um evento de tênis de elite.

A decisão do All England Lawn Tennis Club (AELTC) abrange todos os torneios do swing de grama britânica deste ano, bem como o Grand Slam.

Rublev, que escreveu “No war please” (sem guerra, por favor, na tradução livre) em uma câmera de TV durante um jogo dias depois que a Rússia invadiu a Ucrânia no final de fevereiro, deve perder o Wimbledon deste ano ao lado do compatriota e número 2 do mundo Daniil Medvedev e Aryna Sabalenka da Belarus, atualmente classificada em quarto lugar no mundo e semifinalista de Wimbledon no ano passado, e Victoria Azarenka, ex-número 1 do mundo.

“Estamos em diálogo contínuo com os jogadores, a ITF e com nossos companheiros de Grand Slams, e continuaremos trabalhando com eles nas próximas semanas”, disse Sally Bolton, presidente-executiva de Wimbledon, a repórteres.

Bolton acrescentou que alguns jogadores afetados foram consultados antes de uma decisão sobre a proibição, mas se recusou a dar detalhes específicos sobre essas conversas.

Ela também enfatizou que a proibição atual está relacionada a “somente jogadores”, mas disse que o torneio recusará pedidos de credenciamento dos meios de comunicação russos.

As conversas entre Wimbledon e o governo do Reino Unido estão em andamento sobre se a equipe de apoio e treinadores russos e bielorrussos serão permitidos no torneio.

Na semana passada, o CEO da WTA, Steve Simon, disse ao The Tennis Podcast que a proibição de jogadores russos e bielorrussos foi “extremamente decepcionante”.

“A única coisa em que sempre estivemos unidos [no tênis] é que a entrada em nossos eventos sempre foi baseada no mérito e sem discriminação”, disse ele.

Em um comunicado na semana passada, o ATP Tour também disse que a decisão de excluir um jogador com base em sua nacionalidade foi “uma violação do nosso acordo com Wimbledon, que afirma que a entrada de jogadores é baseada apenas no Ranking ATP”.

Os organizadores de Wimbledon também anunciaram na terça-feira que os jogadores não precisariam estar totalmente vacinados contra a Covid-19 para competir no torneio deste ano, que atualmente deve ocorrer em circunstâncias normais, sem contramedidas de vírus em vigor.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Fonte: CNN Brasil