FOLHAPRESS – A principal dificuldade do jogador em “The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom” é não se perder, mas isso é mais uma bênção do que uma maldição do novo “Zelda”. Com um mapa colossal, o game, que será lançado nesta sexta-feira (12) para o Nintendo Switch, é pródigo em criar obstáculos e distrações que desviam o jogador do percurso natural, transformando a simples tarefa de ir do ponto A ao B em uma aventura surpreendente e recompensadora.

Não podia ser diferente tratando-se de uma sequência de “The Legend of Zelda: Breath of the Wild”. O game lançado em 2017 foi um sucesso de crítica e público justamente pela liberdade que dava para os jogadores explorarem o reino de Hyrule (terra fictícia onde se passam os jogos da série) e criou novos paradigmas para os jogos de mundo aberto -sem “Breath of the Wild”, talvez não tivéssemos “Elden Ring”, por exemplo.

Mas como uma sequência poderia superar tamanho triunfo? A resposta encontrada pela Nintendo foi usar “Breath of the Wild” como base para construir um mundo ainda maior e mais complexo, corrigir pequenos problemas e aperfeiçoar mecânicas do título anterior.

O mapa do jogo é o maior exemplo disso. “Tears of the Kingdom” se passa na mesma versão de Hyrule de “Breath of the Wild”, mas nem tudo é exatamente como antes. Quase todas as áreas do primeiro jogo foram reformuladas, com novos personagens, construções e histórias para contar.

Além disso, o cenário está bem mais complexo. Centenas de cavernas e áreas subterrâneas foram incluídas -retomando uma tradição da série-, com novos tesouros e inimigos para serem combatidos.

Também foram criadas duas áreas totalmente novas para serem exploradas. As ilhas flutuantes, que pairam no ar centenas de metros acima da superfície, e as escuras profundezas, que reúnem monstros ainda mais assustadores.

Tudo isso faz de “Tears of the Kingdom” o maior jogo da série até hoje. Para terminar as missões principais em cerca de 50 horas de jogo foi necessário ignorar áreas inteiras do mapa e deixar para mais tarde batalhas contra alguns dos inimigos mais fortes, além de dezenas de tarefas opcionais.

O novo game se passa alguns anos depois dos acontecimentos de “Breath of the Wild”. Apesar disso, trata-se de uma história independente dos acontecimentos do jogo anterior, que pode ser aproveitada mesmo por quem está jogando “Zelda” pela primeira vez.

Em “Tears of the Kingdom” o reino está em reconstrução após a “Calamidade” (como é chamado o período em que acontece o primeiro jogo). Em meio a isso, uma estranha substância chamada “Gloom” (melancolia) começa a emanar do subsolo do castelo de Hyrule, deixando quem entra em contato com ela doente.

Após uma desastrosa expedição pelo subterrâneo do castelo para investigar a fonte desse mal, a princesa Zelda desaparece e o herói Link acorda em uma ilha flutuante sem seus equipamentos e poderes. Cabe ao jogador conduzir Link em sua cruzada para recuperar suas forças, descobrir o que aconteceu com Zelda e derrotar a força maligna milenar responsável por essa nova ameaça ao reino.

Para isso, Link conta com quatro novas habilidades. A que fez mais sucesso no período de demonstração prévia do jogo foi “Ultrahand”. O poder permite que o jogador movimente objetos do cenário (funciona como uma versão melhorada de “Magnesis”, de “Breath of the Wild”). Além disso, ao aproximar dois objetos, é possível grudá-los, criando todo tipo de construção e máquinas.
A habilidade “Fuse” permite fundir objetos com as armas, flechas e escudos de Link, ampliando sua força e durabilidade ou conferindo a eles poderes especiais. Este poder substitui as bombas do primeiro jogo e é essencial na preparação para os combates, já que algumas das armas mais poderosas são criadas desse modo.

“Recall” funciona de forma similar ao “Stasis” de “Breath of the Wild”, porém, ao invés de somente congelar um objeto, o poder faz ele voltar no tempo.
Por último, a habilidade “Ascend” ocupa o lugar de “Cryonis”. As duas são ferramentas essenciais para se mover pelo cenário, mas, enquanto a antiga criava plataformas na água, a atual ajuda o jogador a atravessar o teto das construções.

Essas habilidades podem ser usadas na solução de quebra-cabeças, nos combates e para locomoção. Ainda sim, “Tears of the Kingdom” não impõe o uso dessas ferramentas ao jogador, que fica livre para atingir seus objetivos da forma que quiser -salvo em situações bem específicas.

Já as mecânicas de combate sofreram poucas mudanças em relação a “Breath of the Wild”. As armas ainda se degradam ao longo do uso e técnicas como “Flurry Rush” (“combo” após desviar de um ataque inimigo na última hora) e “Perfect Guard” (desviar um ataque com o escudo para atordoar o inimigo) são usadas da mesma forma.

O looping da jogabilidade também é bastante similar. Logo no início, Link é incumbido de investigar fenômenos estranhos que estão ocorrendo em quatro locais diferentes do mapa. No meio do caminho, o jogador encontra torres que revelam o mapa da região e “shrines” (santuários), com desafios e tutoriais, que dão como prêmio itens usados para aumentar a vida ou a estamina. Após serem encontradas, essas estruturas funcionam também como pontos de teletransporte.

Por outro lado, as repetitivas “Divine Beasts” de “Breath of the Wild” dão espaço às tradicionais “dungeons” (masmorras) -grandes “fases” que juntam quebra-cabeças, exploração, batalhas e um chefão no final-, em um bem-vindo retorno.

Os gráficos parecem só um pouco melhores do que os do game anterior. Ainda assim, após seis anos do seu lançamento, o Switch dá sinais de dificuldade para rodar o jogo.

Pequenas travadas de segundos são comuns durante a transição das áreas do céu para a superfície e dela para as profundezas. Além disso, a queda na taxa de quadros exibidos por segundo é sensível em situações em que há muitos inimigos na tela. Os problemas, porém, são pequenos e não atrapalham a experiência.

Mais grave, em especial para os brasileiros, é a ausência do português entre as 11 línguas para as quais o jogo foi traduzido.

Algumas missões importantes de “Tears of the Kingdom” se baseiam em informações passadas por texto para o jogador. Tentar resolvê-las sozinho, sem entender o que está escrito, é uma missão quase impossível.

Uma pena que algo tão básico impeça tantas pessoas de aproveitar ao máximo um game extraordinário, que pode ser considerado um dos melhores da história da Nintendo.

THE LEGEND OF ZELDA: TEARS OF THE KINGDOM

Avaliação Ótimo
Quando Lançamento nesta sexta-feira (12)
Onde SwitchPreço R$ 357,99
Classificação 10 anos
Editora Nintendo
Idiomas Alemão, Chinês Simplificado, Chinês Tradicional, Coreano, Espanhol, Francês, Holandês, Inglês, Italiano, Japonês e RussoO repórter recebeu uma cópia do jogo com acesso antecipado ao lançamento e um Nintendo Switch OLED emprestado para a realização deste texto.