Emissão de vistos funciona normalmente, mas visitante pode encontrar contratempos nos aeroportos e em determinados pontos turísticos.

Ainda sem perspectiva de solução, a paralisação parcial do governo dos Estados Unidos, que começou em 22 de dezembro, se tornou a mais longa da história do país. Estima-se que cerca de um quarto das atividades governamentais norte-americanas tenha sido paralisada pelo chamado “shutdown”, e por volta de 800 mil servidores públicos dos EUA estão sem receber salário, inclusive aqueles que atuam em áreas essenciais como segurança. Mas como a paralisação do governo dos EUA pode afetar o brasileiro? O sistema de emissão de vistos funciona normalmente? Há pontos turísticos fechados? E os aeroportos? Apuramos como o “shutdown” afeta os serviços usados por brasileiros em viagem aos EUA. Em geral, o visitante precisa ficar atento apenas a possíveis atrasos e filas nos aeroportos, além da abertura e do fechamento de monumentos públicos. Confira abaixo:

Vistos

A emissão de vistos norte-americanos para cidadãos brasileiros continua em funcionamento. Em nota, a Embaixada dos EUA no Brasil informou que o serviço é custeado, em parte, pelas próprias taxas de solicitação. “As operações consulares, incluindo os serviços de visto (não imigrante e imigrante) e passaporte para cidadãos norte-americanos, nos EUA e no exterior, permanecerão em funcionamento desde que haja fundos de taxas de solicitação de visto para financiar as operações”, diz a nota. Além disso, cidadãos norte-americanos que vivem no Brasil continuarão a receber assistência da embaixada e dos consulados espalhados no país.

Placa avisa a visitantes que o Arquivo Nacional está fechado devido à paralisação parcial do governo federal, em Washington DC, nos Estados Unidos, em 22 de dezembro — Foto: Reuters/Joshua Roberts

Passeios

O brasileiro que pretende viajar aos EUA deve ficar atento com alguns serviços e atrações turísticas interrompidos desde o início do “shutdown” mais longo da história. Isso porque o problema orçamentário atingiu órgãos federais do governo norte-americano, e eles incluem algumas atividades turísticas, principalmente na capital, Washington. Estão fechados: Visita guiada à Casa Branca // Galeria Nacional de Arte // Todos os museus Smithsonian // Zoológico Nacional. Além desses locais de visitação em Washington, o turista deve se precaver antes de visitar parques nacionais, como o Yosemite (Califórnia). Eles até podem ser acessados em algumas áreas, mas, como muitos dos funcionários foram dispensados, alguns serviços estão sem funcionamento – inclusive banheiros. Outros pontos turísticos públicos como a Estátua da Liberdade, em Nova York, estão abertos. Nesses casos, os monumentos recebem financiamento à parte, e, portanto, não dependem exclusivamente do orçamento federal. Ao viajar, também vale consultar os jornais e guias de programação locais: a paralisação afetou também a atualização dos sites oficiais desses pontos turísticos.

Funcionário organiza fila em aeroporto de Atlanta, nos EUA, onde ausência de servidores por causa do 'shutdown' causou atrasos — Foto: Elijah Nouvelage/Reuters

Aeroportos

Os aeroportos dos Estados Unidos continuam em funcionamento, mas o passageiro pode enfrentar filas e atrasos maiores do que o normal. O motivo é a falta de pagamento que atingiu agentes de segurança e de controle de voo da Administração de Segurança de Transporte (TSA, na sigla em inglês). Como o órgão envolve segurança e o governo o considera “essencial”, os funcionários foram convocados a trabalhar mesmo sem o salário em dia. Alguns dos servidores, no entanto, decidiram cruzar os braços. A paralisação afetou, por exemplo, os aeroportos de Miami e Houston – duas cidades para onde há voos diretos saindo do Brasil. Segundo a TSA, 6,4% dos funcionários não apareceram para trabalhar nos aeroportos na quinta-feira (17) – quase o dobro de ausências na comparação com a mesma data em 2018. Em Atlanta, outra cidade com voos diretos ao Brasil, o tempo de espera chegou a 47 minutos.

Passageiros enfrentam filas no Aeroporto Internacional de Miami, nos EUA, também afetado pelo 'shutdown' — Foto: Lynne Sladky/AP

O que é o ‘shutdown’?

É a paralisação sofrida por parte dos órgãos governamentais dos Estados Unidos quando o orçamento não é aprovado pelo Congresso norte-americano. O atual “shutdown” já é o mais longo da história dos EUA – deve completar um mês nesta terça-feira (22) – e não tem data para acabar. Mas o que levou o governo a parar, desta vez? O presidente dos EUA, Donald Trump, enviou em dezembro a proposta do orçamento que incluía quase US$ 6 bilhões para a obra do muro na fronteira do México – uma das promessas de campanha do republicano quando ele ainda era candidato, em 2016. O Congresso não aprovou o orçamento, adiou votações e, portanto, deixou o governo parcialmente paralisado a partir de 22 de dezembro. Estima-se que um quarto das atividades governamentais deixou de funcionar por falta de recursos. Cerca de 800 mil servidores públicos estão sem receber salário.

Entrada de Parque Nacional de Death Valley, na Califórnia, é fechada devido a paralisação do governo federal dos EUA — Foto: Jane Ross/Reuters

Crise política

A paralisação acirrou a crise política vivida entre Trump e a oposição. O presidente norte-americano insiste em só aprovar o orçamento caso ele inclua a verba para o muro, por considerar que há uma crise humanitária e migratória na fronteira com o México. Do outro lado, a oposição – que agora detém a maioria na Câmara – se nega a aprovar o dinheiro para o muro por considerar que esse tipo de barreira física não é o ideal para o problema migratório nos EUA. O problema orçamentário acabou virando capital político dos dois lados. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi – uma das líderes da oposição – cancelou o tradicional discurso anual que Trump deveria fazer no Congresso Nacional alegando falta de segurança por causa do “shutdown”. Em revanche, Trump se negou a ceder um avião para que Pelosi e uma comitiva de deputados viajasse a três países – inclusive o Afeganistão, uma zona de guerra, segundo o governo dos EUA –, também alegando a falta de recursos como motivo. Sem solução à vista, o presidente já admitiu a possibilidade de decretar emergência nacional. Assim, ele poderia iniciar a construção do muro com verbas militares sem precisar de aprovação dos opositores. Trump, porém, negou ter a intenção de recorrer a essa medida, ao menos por enquanto.

Ao lado do vice-presidente Mike Pence, o presidente dos EUA, Donald Trump, reage contrariado durante conversa com a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, durante encontro na Casa Branca, na terça-feira (11) — Foto: AP Photo/Evan Vucci

Fonte: Brazilian Press