Edição de outubro/2018 – p. 08

A situação dos imigrantes está cada vez mais acirrada após as ameaças do Presidente Donald Trump durante afirmações polêmicas na Casa Branca. O republicano ameaçou interromper ajuda a Honduras e El Salvador, caso não pare o fluxo de imigrantes ilegais nos EUA daqueles países. Bastou o pronunciamento de Trump para que o organizador de caravana de migrantes de Honduras fosse detido na Guatemala. O clima ficou tenso e, de acordo com estimativas dos organizadores, aproximadamente três mil imigrantes cruzaram de Honduras para a Guatemala em uma jornada para o país americano.

O presidente hondurenho, Juan Orlando Hernandez, disse em discurso que alguns hondurenhos já voltaram para casa. Já o Ministério das Relações Exteriores de Honduras convocou seus cidadãos a não se juntarem ao grupo em um movimento claramente político.

Em meio ao clima de insatisfação entre os imigrantes ao logo da fronteira da Guatemala, policiais do país detiveram Bartolo Fuentes, ex-deputado de Honduras, junto da multidão. O político e outros três outros organizadores que lideravam caravana junto a San Pedro Sula, em Honduras. Os efeitos dos comentários do presidente americano de que seu governo suspenderia a ajuda se os governos da América Central não agissem, foi o pivô de toda confusão.

Adiantou o Ministério da Segurança de Honduras que Bartolo Fuentes foi detido porque “não cumpriu as regras de imigração guatemaltecas” e foi deportado para Honduras. O governo da Guatemala disse que não tem dados oficiais sobre quantos imigrantes da caravana já cruzaram a fronteira.

Segundo as novas regras, os cidadãos adultos da Guatemala, de Honduras, de El Salvador e da Nicarágua precisam apresentar o documento de identidade para atravessar as fronteiras entre os países. Essa medida, no entanto, não se aplica quando eles chegam ao México.

No Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, funcionários dos escritórios em declaração disseram que estão preocupados com a segurança dos imigrantes na caravana de Honduras, observando que o grupo incluía mulheres, crianças e idosos. Não há informações detalhadas sobre essas pessoas.

“Os Estados Unidos advertiram o presidente de Honduras que, se a grande caravana de pessoas que se dirige aos EUA não for detida e levada de volta a Honduras, não haverá mais dinheiro ou ajuda para Honduras, com vigência imediata!”, declarou Trump.

Em outra publicação, Trump expandiu sua ameaça à Guatemala e El Salvador. Um evento similar em maio levou centenas de imigrantes a buscar asilo nos EUA ou permanecer no México.

Separação das famílias

Donald Trump volta a defender separações familiares para impedir imigração ilegal nos EUA. Trump ameaça agir na fronteira com o México, e disse que a ação poderá conter o excesso de famílias que insistem em levar os filhos na travessia perigosa. Ele, inclusive, considera ainda várias outras opções para fortalecer a segurança nas fronteiras. “Se eles sentem que haverá separação, eles não vêm”, disse o republicano sobre os imigrantes durante os comentários aos repórteres na Casa Branca.

Trump também teria afirmado que os imigrantes estavam “pegando crianças e usando crianças para entrar em nosso país em muitos casos”. “Estamos vendo muitas coisas diferentes relacionadas à imigração ilegal”, disse, pedindo novamente ao Congresso que aprove a legislação de imigração. “Vamos fazer o que pudermos para diminuir a velocidade da imigração ilegal”, dispara.

A porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Katie Waldman, disse que há uma crise na fronteira entre os EUA e o México com o aumento do número de adultos entrando ilegalmente no país com crianças. “O DHS continuará a aplicar a lei humanamente e continuará a examinar uma série de opções para proteger as fronteiras de nosso país”, disse.

Após relatos de que Trump poderia novamente autorizar a separação de famílias, a senadora democrata Dianne Feinstein e o deputado Jerrold Nadler pediram que a administração “forneça uma contabilidade completa de seus esforços anteriores fracassados”.

“Cidade das tendas” na fronteira com México

E após polêmica, Trump abandonou sua política de separar crianças imigrantes de seus pais na fronteira dos EUA com o México, depois que imagens de jovens em abrigos como gaiolas provocaram indignação no país e também no exterior. Cerca de 2.600 crianças foram separadas de seus pais, e, segundo funcionários da Casa Branca, era necessária para proteger a fronteira e impedir a imigração ilegal.

Uma auditoria do governo divulgada no início deste mês disse que a repressão à imigração “tolerância zero” do governo Trump na fronteira EUA-México no início deste ano foi atormentada por uma falta de preparação, falta de recursos e falhas de comunicação.

Panfletos intimidam imigrantes

Van Bramer, vereador da cidade de Nova York denunciou panfletos que intimidam imigrantes indocumentados, afixados em postes das ruas de seu bairro, Sunnyside, na região do Queens, em Manhattan (NY). Ele encontrou o panfleto quando caminhava pelo bairro com dizeres ameaçadores, pedindo aos cidadãos americanos que denunciassem imigrantes indocumentados ao Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA.

“Isso causou calafrios em meu corpo porque é sinistro e tem a intenção de intimidar os imigrantes”, disse Van Bramer em entrevista à CNN. O panfleto dizia: “Um aviso para todos os cidadãos dos Estados Unidos da América: é seu dever cívico denunciar todos e quaisquer estrangeiros ilegais à Imigração e à Alfândega dos EUA. Eles infringiram a lei”. Na parte inferior, ele lista um número de contato para o ICE.

“O que isso está tentando fazer é transformar os cidadãos em vigilantes, encorajando-os a denunciar as pessoas ao ICE sem saber se elas estão documentadas ou não”, disse Van Bramer. “Este é um bairro de imigrantes, e eu não quero que nenhum deles, mesmo aqueles sem documentação, tenham medo de andar por essas ruas”.

Embora ainda não esteja identificado o responsável por colocar panfletos no Queens, o vereador diz acreditar que é o “Vanguard America”, um grupo de supremacistas brancos localizado no Texas e que, segundo o vereador, recebeu crédito por postagens semelhantes em campus universitários nos estados de Washington, Texas, Nebraska e Pensilvânia.

“Embora não saibamos quem postou esses sinais em particular, vamos ser claros. Essa é uma organização racista de supremacia branca que orgulhosamente reivindicou o crédito pela criação deste panfleto”, disse Bramer, que advertiu que os responsáveis podem estar sujeitos a pesadas multas porque é ilegal em Nova York publicar anúncios na propriedade da cidade, segundo o vereador.

Van Bramer encorajou qualquer pessoa que se deparar com mais desses cartazes para retirá-los ou denunciá-los ao seu escritório, esperando que tal ato envie uma mensagem de que ódio e discriminação não têm lugar no Queens.

“Não vamos permitir que ninguém intimide imigrantes nesta comunidade. Nós nos orgulhamos de ser uma cidade santuário e queremos ter certeza de que todos saibam que os imigrantes são bem-vindos aqui”, finaliza Van Bramer.

Fonte: Nossa Gente

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