Um grupo de 30 brasileiros, formado por adultos, jovens e crianças, foi preso por homens armados no último dia 20 de março ao tentar cruzar ilegalmente a fronteira entre México e Estados Unidos. Eles foram presos quando tentavam passar pela propriedade de Jeff Allen, de 56 anos, apoiador do presidente Trump e membro do Constitutional Patriots New Mexico Border Ops Team, uma milícia armada que promete patrulhar a fronteira até que o muro seja construído.

Os brasileiros foram entregues pelo grupo armado aos agentes da Border Patrol, e depois ao US Immigration and Customs Enforcement (ICE), para dar prosseguimento ao processo de deportação.

Segundo informações da revista Época, nove brasileiros se arriscam diariamente na perigosa travessia pelo México.  O número vinha caindo no ano passado, mas agora dá sinais de que está voltando a subir.

De acordo com dados do Trac Immigration Project, da Universidade de Syracuse, entre 1º de outubro de 2017 a 30 de setembro de 2018, 594 brasileiros passaram pelos tribunais de imigração por terem entrado no país “sem inspeção”, ou seja, sem fiscalização nas fronteiras terrestres, aéreas (aeroportos) ou marítimas. De outubro de 2018 a fevereiro deste ano, já foram 308 processos — mais da metade, um aumento proporcional de 45,5%.

As patrulhas de fronteira texanas de Rio Grande e El Paso são as que historicamente realizam a maior parte das prisões nas fronteiras. Elas contam cada vez mais com o auxílio de milícias, grupos armados que vigiam pontos na fronteira com os quais estão familiarizados ou onde sabem que são rotas de imigrantes.

“Eles procuram pelos imigrantes, vasculhando a área a pé ou motorizados. Usam binóculos, drones e outros equipamentos”, explicou Heidi Beirich, diretora do Intelligence Report, do Southern Poverty Law Center, que monitora a direita mais radical nos EUA. Seus membros são geralmente de classe média e compram as armas com dinheiro próprio. O recrutamento se dá principalmente através das redes sociais. O UCP – grupo que deteve o grupo de brasileiros – não se autoproclama uma milícia, mas tem várias características relacionadas, disse Beirich.

“Eles são contra imigrantes ilegais e adotam teorias de conspiração sobre uma suposta ‘invasão’ de estrangeiros nos Estados Unidos”, conclui Beirich. A UCP também vai além de detectar migrantes e denunciá-los a agentes de patrulha de fronteira. Relatos de abuso e tortura envolvendo grupos milicianos não são raros. “Vídeos on-line mostram que eles estão perseguindo ativamente imigrantes no deserto.” Segundo a UCP, o grupo é liderado por Larry Hopkins, que usa os nomes fictícios de John Horton ou Johnny Horton Jr. Ele já foi condenado por múltiplos crimes no passado, incluindo os de falsidade ideológica, por passar por policial e ainda posse ilegal de armas em liberdade condicional.

Fonte: AcheiUSA