Depois de ter sido detectada a presença de dióxido de carbono num exoplaneta pela primeira vez, o Telescópio Espacial Webb enviou nesta quarta-feira dados para a Terra, que demonstram a possível presença de uma atmosfera tóxica no WASP-39b, que incluiu água.

O exoplaneta (um planeta situado fora do nosso sistema solar) dista 700 anos-luz da Terra e foi descoberto em 2011. Tem uma série de particularidades que o tornaram um objeto de estudo para os astrofísicos que trabalham no telescópio Webb.

O WASP-39b é considerado um ‘gigante gasoso’, tendo uma massa equivalente a Saturno e um tamanho semelhante ao de Júpiter. No entanto, enquanto estes planetas mais próximos de nós são frios e distantes da sua estrela, o WASP-39b está tão próximo da sua estrela como Mercúrio está do ‘nosso’ Sol, tornando-o num exoplaneta muito quente.

Em agosto, o Webb – o telescópio lançado em 2021 que tem permitido um maior conhecimento do espaço, providenciando imagens estonteantes – identificou a presença de dióxido de carbono na sua atmosfera e, agora, encontrou também água, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, sódio e potássio, o que torna a atmosfera deste exoplaneta muito tóxica.

O WASP-39b é, claro, inabitável. Mais do que oferecer um possível destino para seres vivos, a descoberta é mais uma demonstração da inovadora capacidade do Telescópio Webb para recolher análises moleculares no Espaço e perceber as composições de planetas muito distantes.

O feito do Webb é também notável, considerando a distância a que se situa o WASP-39b – a cerca de 6.600.000.000.000.000 quilômetros.

Como explica o site Gizmodo, citando a análise do Centro de Astrofísica que junta a Universidade de Harvard e o Instituto Smithsonian, o Webb descobriu estes elementos esperando que a estrela iluminasse o WASP-39b por trás, de modo a ‘flagrar’ as ondas infravermelhas dessa luz e deduzir, assim, os elementos presentes nessas ondas.

No comunicado divulgado pela Agência Espacial Europeia (ESA), a cientista Shang-Min Tsai, uma das principais autoras do artigo que explica a descoberta, diz que esta “é a primeira vez que vemos provas concretas de fotoquímica – reações químicas iniciadas por luz proveniente de estrelas – em exoplanetas”.