SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Grande homenageado do Festival de Berlim deste ano, Steven Spielberg recebeu neste fim de semana um Urso de Ouro honorário pelo conjunto da obra, angariando aplausos efusivos do público que acompanhava a cerimônia.

Em seu discurso, ele deixou claro que não pretende parar de dirigir tão cedo e, aos 76 anos, brincou que pretende quebrar o recorde do português Manoel de Oliveira, que trabalhou em seu último filme aos 106. “Eu fico alarmado ao ouvir que tive uma vida plena, porque eu ainda não terminei, eu quero continuar trabalhando”, afirmou.

“Eu quero continuar aprendendo e descobrindo e me assustando, e às vezes assustando vocês. Eu preciso voltar para um daqueles filmes assustadores do começo da carreira, mas essa é uma história para depois. Enquanto houver alegria em fazer filmes para mim e houver público que encontre alegria nos meus filmes, eu reluto em dizer que já terminei.”

Atualmente indicado ao Oscar pelo filme semi-autobiográfico “Os Fabelmans”, Spielberg falou ainda sobre a necessidade que sentiu em pôr sua vida na tela. Era hora de olhar para trás e para o mundo em que nasceu e refletir sobre o que saiu dali, explicou.

O americano nunca foi, exatamente, um cineasta de festivais, apesar de ter exibido seus filmes em vários deles, como “E.T.: O Extraterrestre”, que estreou em Cannes nos anos 1980.

Ainda na toada de revisitar sua obra, ele disse que deve muito ao cinema alemão e a nomes como F. W. Murnau, Ernst Lubitsch, Douglas Sirk e Fritz Lang, bem como aos contemporâneos Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog, Margarethe von Trotta, Wolfgang Petersen, Volker Schlöndorff e Tom Tykwer, que o “desafiaram, motivaram e inspiraram”.