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A cidade de São Paulo é uma das capitais mais comprometidas com ações voltadas à redução das emissões de carbono do País. A própria existência de uma Secretaria Municipal de Mudanças Climáticas, criada há pouco menos de um ano pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), é uma mostra dessa preocupação com o planejamento e a implementação de políticas públicas na área ambiental. As mudanças climáticas representam o desafio global mais premente da atualidade, e a maior cidade da América Latina não está alheia ao esforço coletivo para a construção de um planeta mais sustentável.

Agora, a metrópole tem mais uma razão para se engajar com mais afinco na redução da poluição e na expansão de suas áreas verdes. Um estudo realizado por instituições europeias, entre as quais o Instituto Global de Saúde (ISGlobal), revelou que mais de 11 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente na cidade com a melhora dos indicadores ambientais. Os pesquisadores, coordenados pela brasileira Evelise Pereira Barboza, mensuraram os efeitos da exposição à poluição e ao calor, além da má distribuição de áreas verdes, sobre a saúde dos paulistanos. De acordo com o estudo, essas cerca de 11 mil mortes – 17% do total de mortes anuais por causas naturais na cidade – poderiam ser evitadas anualmente caso a concentração de poluentes como o NO2 (dióxido de nitrogênio) no ar fosse reduzida.

Uma ação importantíssima para atingir esse objetivo é a mudança da matriz energética da frota composta por mais de 8 milhões de veículos. O tráfego é responsável por 60% das emissões de gases causadores do efeito estufa na cidade de São Paulo. Obviamente, essa transição energética não se faz em curto espaço de tempo, até porque a esmagadora maioria dos proprietários não tem condições financeiras para comprar veículos elétricos, muito mais caros que os modelos movidos a combustíveis fósseis. Mas um ótimo começo seria a Prefeitura trocar a matriz energética dos 14.300 ônibus que circulam pela cidade. Os ônibus, sozinhos, respondem por metade das emissões de gases causadas pelo tráfego.

São Paulo conta apenas com 119 ônibus elétricos. É muito pouco. “Para mudar a matriz energética de 2 mil ônibus são necessários R$ 4 bilhões”, disse ao Estadão o secretário municipal de Mudanças Climáticas, Fernando Pinheiro. Além disso, o secretário ponderou que a indústria é capaz de entregar apenas cerca de 150 ônibus elétricos por ano e que muitas vias da cidade teriam de ser concretadas a fim de suportar o peso maior desses veículos.

Evidentemente, não se subestima o enorme esforço necessário para realizar uma transformação urbana dessa magnitude. Mas os benefícios para a população e para o meio ambiente falam por si sós. O movimento precisa ser feito.

Convém recordar que a Prefeitura de São Paulo acabou de celebrar um bom acordo com a União em torno da propriedade do Campo de Marte, na zona norte da capital paulista. O acordo extinguiu a dívida da cidade com o poder central e liberou R$ 3 bilhões anuais do Orçamento municipal a serem investidos em melhoria da qualidade de vida dos paulistanos.

Fonte: MSN

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