Ainda em negociação para finalizar a aquisição da SAF do Cruzeiro, Ronaldo veio a público nesta quinta-feira para revelar os valores do acordo e criticar a postura da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo da associação civil do clube. Na quarta, a Mesa reclamou de itens do acordo e, na prática, quebrou a cláusula de confidencialidade do documento.

Em sua carta, divulgada nas redes sociais, Ronaldo criticou os autores da Nota, todos citados nominalmente, e afirmou que o comunicado “expõe parcialmente dados confidenciais e distorce a realidade dos termos firmados na proposta apresentada ao Cruzeiro Esporte Clube”.

Diante das informações reveladas pela nota, na quarta, o ex-jogador confirmou que o aporte inicial é de R$ 50 milhões, “além de um compromisso de investimento de mais R$ 350 milhões que pode ser feito através de incremento de receitas ou de aporte direto”. Inicialmente, a informação divulgada pelas partes era de que Ronaldo aportaria R$ 400 milhões.

Ele argumentou que o investimento por meio de incremento de receitas pode ajudar a associação civil do clube. “A lei das SAF obriga o repasse de 20% das receitas para quitação da dívida bilionária acumulada por anos de má gestão – fato esse que pode gerar mais R$70 milhões em receitas para a quitação da dívida e que parece ser ignorado pelos responsáveis pela Nota”, afirmou.

A Mesa também criticara Ronaldo por pedir mudanças no acordo inicial. No início da semana, o ex-atleta da seleção brasileira queria considerar a possibilidade de buscar a recuperação judicial ou extrajudicial do clube e incluir a propriedade das Tocas I e II no acordo da SAF. Ele indicara até que, sem estas condições, poderia desistir do negócio.

Ronaldo também rebateu estas críticas. “O pedido de inclusão das Tocas I e II na transação é simplesmente para proteção de patrimônio do Cruzeiro diante de uma realidade que se revelou significativamente mais grave do que aquela indicada nas informações inicialmente disponibilizadas e que foram utilizadas para a elaboração da proposta apresentada ao Cruzeiro”, declarou.

“Hoje a Toca I, a sede do Barro Preto e parte de todas as receitas do futebol estão comprometidas em razão de dívidas tributárias de aproximadamente R$ 400 milhões, as quais não estavam previstas na negociação inicial. No curto prazo os imóveis podem ser leiloados e as receitas apropriadas por falta de pagamento.”

Por fim, sem indicar se vai buscar medida judicial no caso da quebra de cláusula de confidencialidade, Ronaldo pediu “trabalho silencioso” para as duas partes nesta negociação.

“Acreditamos em trabalho silencioso, sem dar publicidade a pontos contratuais em respeito às cláusulas de confidencialidade que devem ser cumpridas. O Cruzeiro precisa de estabilidade para seguir o caminho da reconstrução. O Conselho do clube é soberano e acreditamos que o julgamento dos pleitos será feito de maneira coerente levando em consideração o melhor para o Cruzeiro.”