Está aberta a temporada da jogatina aqui em casa. Há de se distrair com alguma coisa durante os dias longos. Não que eles estejam vazios de obrigações.
É claro que uma série de tarefas segue à minha espera na cozinha, na área de serviço e em todos os cômodos do apartamento. E que para além da eterna faxina, sigo escutando meus analisandos todos – com a diferença de que agora o faço via chamada de vídeo –, ajudando as crianças com as lições e cuidando de todo o mais que precisa ser cuidado.
Ou seja, há muito o que fazer.
Ainda assim, o tempo parece estacionado – distrações e obrigações são primas pra lá de distantes. E na dúvida, deixamos os pratos por lavar, a sala por varrer, as roupas por guardar e… jogamos. Talvez por uma falta total de concentração para as leituras que, como bem disse um analisando, passam direto pela cabeça sem estacionar uma letrinha sequer. Ou os seriados que perderam a graça quase que completamente. Já não somos os mesmo para seguir vendo graça no que víamos antes, certo? Será?
Dos jogos todos para os quais a minha filha mais nova me convida a participar, meu favorito chama-se Double. Vocês conhecem? São várias cartinhas cheias de desenhos e o objetivo é achar os que se repetem entre elas mais rápido que seu oponente. O meu, uma menina de 11 anos com olhos (e velocidade) de águia.
Mas não passo vergonha não. Mando muitíssimo bem inclusive. Identificar repetições é grande parte do que faço durante meus dias de trabalho. “Recordar, repetir e elaborar”, lembram?
Hoje, quando vi o jogo no meio da bagunça da sala, de manhã cedo, pensei que sim, estamos vivendo a oportunidade de fazer grande elaborações, mas falta um tanto para dizer que não somos os mesmos.
Ainda há muita repetição a ser observada. Muita roupa para lavar, poeira para varrer – de preferência para outros lugares bem distantes do tapete, distrações e obrigações a serem vividas.
Ingenuidade nossa imaginar que sairemos outros se não nos dedicarmos às nossas muitas lições de casa.
Ao trabalho?
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Fonte: Gazeta News