Conhecidos pelas grandes aglomerações e longas filas, os parques da Disney podem ser um dos últimos empreendimentos a retomar normalmente as atividades – especialmente nos Estados Unidos, país com o maior número de casos confirmados e mortes pelo Covid-19 no momento.

Fechados desde de 14 de março em solo americano, a primeira previsão da Disney era reabrir seus complexos até o final de abril. Contudo, com o avanço do coronavírus pelo mundo e a cada vez maior necessidade por distanciamento social, os planos da companhia foram adiados – agora, por tempo indeterminado.

Semana passada veio o golpe de misericórdia: a empresa suspendeu o contrato de trabalho de 100 mil dos 177 mil trabalhadores. Os funcionários continuarão com o plano de saúde por até 12 meses e deverão entrar com pedido de seguro-desemprego, definido pela Casa Branca em 600 dólares por semana por até quatro meses. Com a medida, a Disney espera economizar 500 milhões de dólares por mês. Em 2019, a empresa obteve lucro de 7 bilhões de dólares e, segundo analistas, a cifra deste ano poderá cair para zero se os parques não reabrirem até o final do ano.

Previsões pessimistas e otimistas

O que não faltam no momento são apostas para datas de reabertura. Com uma visão pessimista, o diretor de investimentos da consultoria UBS, John Hodulik, acredita que os parques só irão reabrir em janeiro de 2021. “É provável que a recessão econômica, junto à necessidade de distanciamento social, novas precauções de saúde, queda das viagens e aversão de pessoas às multidões, impactem a rentabilidade dos parques até que exista uma vacina amplamente disponível”, disse o analista financeiro. 

Já a analista Alexia Quadrani, da J.P. Morgan, apresentou uma hipótese mais otimista: sua previsão é que os parques americanos voltariam a funcionar em junho deste ano. Um dos fatores considerados por ela é que este deve ser o mês em que as restrições de quarentena nos Estados Unidos se tornem menos rígidas. “É também a data que os hotéis Disney estão aceitando reservas: 1 de junho”, afirma Quadrani. 

Contudo, a analista reconhece que os parques não funcionarão em sua capacidade máxima logo de início – especialmente pela situação de crise financeira e as restrições de viagem impostas por vários países no mundo.

Novas políticas e medidas de segurança

Mesmo sem uma data à vista, o que se pode concordar é que o retorno à normalidade será lento, gradual e repleto de adaptações. De acordo com o presidente e CEO da The Walt Disney Company, Bob Iger, o foco da Disney no momento é o planejamento de medidas de segurança, para que então seus parques comecem a receber visitantes. “Fazer as pessoas se sentirem seguras do vírus é o maior obstáculo, e é claramente complicado”, disse em entrevista à rádio KABC. 

Uma das medidas em discussão é instituir novos protocolos de segurança na entrada dos parques. “Assim como checamos as bolsas de todos que entram e checamos suas identidades, provavelmente teremos que medir a temperatura”, afirmou Iger à revista Barrons, publicação especializada em finanças. 

Outra ação seria limitar a capacidade dos estabelecimentos dos complexos Disney, para evitar aglomerações e garantir que a distância social recomendada seja cumprida. É provável que os parques reabram primeiro para moradores da Flórida, em seguida para o restante dos Estados Unidos e só em um terceiro momento para turistas estrangeiros. Estima-se que nem todas atrações dos parques estarão abertas desde o início.

Lotação e limpeza

A Disney também precisará reavaliar a logística de funcionamento dos brinquedos. Primeiro, eles não poderão ficar lotados, com pessoas tão perto uma das outras – por isso, é possível que um esquema de alternância entre lugares vazios e ocupados seja feito. Segundo, como será a limpeza? Em circunstâncias normais, visitantes já entram direto nas atrações depois que outro grupo sai – nesse caso, um método seguro (e viável) de higienização precisa ser desenvolvido. 

Alguns desses procedimentos já estão sendo adotados no Shanghai Disney Resort, primeiro complexo do grupo a reabrir no mundo. Depois de mais de um mês fechados, atividades foram parcialmente retomadas no Disneytown, no Wishing Star Park e no Shanghai Disney Hotel no dia 9 de março, que agora vêm funcionando com capacidade limitada, uso obrigatório de máscara durante toda a estadia e constantes medições de temperatura dos visitantes. 

Ademais, todos os outros parques, hotéis e atrações do complexo Disney nos Estados Unidos, França, Japão e China seguem fechados, sem previsão de reabertura. Seja daqui dois meses ou só no ano que vem, viajantes precisam ter em mente que a volta a um “novo normal” acontecerá de forma gradual e repleta de adaptações e cuidados, especialmente sanitários – sempre seguindo as recomendações dos órgãos nacionais e internacionais de saúde. 

Leia tudo sobre o coronavírus

Leia tudo sobre a Disney

Fonte: Viagem e Turismo