Os cânticos entoados pela torcida do Fluminense no Maracanã após a derrota por 2 a 1 para o Flamengo, há pouco mais de uma semana, foram um sinal de satisfação com a postura do time e de apoio ao trabalho de Fernando Diniz. Os torcedores engoliram também a derrota para o Juventude, afinal pouco se pôde avaliar no gramado encharcado do Jaconi, se mostraram pacientes e voltaram a celebrar uma vitória na noite de quarta-feira, com o expressivo 5 a 3 sobre o Atlético-MG.

Marcar cinco gols no atual campeão do Brasileirão e da Copa do Brasil é motivo de empolgação até para o mais cauteloso dos torcedores, mas quem tem a responsabilidade de manter a régua lá no alto faz questão de olhar para os erros. Ainda que tenha classificado o jogo da noite passada como “sensacional do ponto de vista do futebol”, Diniz busca um maior equilíbrio por questões de competitividade.

“Não vejo nada ideal, não vejo futebol nem a vida dessa forma idealista. Sempre é possível melhorar. Temos que corrigir os erros, ser um time mais ativo, mais intenso com a bola no pé. Hoje o que ficou claro que podemos melhorar é que não podemos tomar três gols assim. No fundo, o Atlético nem produziu para fazer três gols”, afirmou o treinador depois da partida.

Junto à conhecida e constantemente debatida filosofia ofensiva de Diniz, a postura corajosa dos jogadores aparece entre os principais méritos de um time ainda em fase inicial de trabalho, marcada por seis vitórias em dez jogos. Um desses resultados foi a histórica goleada por 10 a 1 sobre o Oriente Petrolero, em jogo no qual a equipe precisava vencer por seis gols de diferença para ter chances de avançar às oitavas da Sul-Americana.

A classificação não veio porque o Unión de Santa Fé, que precisava empatar com o Junior Barranquilla para levar a decisão do grupo ao saldo de gols, venceu. De qualquer forma, o placar elástico mostrou o potencial do time tricolor para buscar resultados considerados improváveis.

A própria vitória por 5 a 3 sobre o Atlético não era algo esperado, por mais que o time viva um momento de maior segurança. Fazer cinco gols nos atleticanos não é algo corriqueiro. O time mineiro não sofria essa quantidade de gols desde 2011, quando foi goleado por 6 a 1 pelo Cruzeiro.

No duelo tático com Turco Mohamed, Diniz conseguiu fazer seu estilo de jogo fluir. Ainda que o Atlético tenha colaborado com alguns erros individuais, o Fluminense mostrou organização e boa movimentação, como na origem do segundo gol, por exemplo, em lance no qual se livrou da marcação alta mineira no campo de defesa e avançou em maior quantidade ao ataque para marcar com Cano.

No terceiro, a bola rodou por quase um minuto entre os tricolores até o desfecho do cabeceio de Samuel Xavier para a rede. A troca de passes, entretanto, nem sempre funciona, como foi possível observar no erro cometido por Fábio que gerou o primeiro gol atleticano. De qualquer forma, o que o treinador mais valorizou foi mesmo o empenho dos jogadores.

“Queria destacar o desempenho e a coragem de jogar contra um dos favoritos para ganhar o Brasileiro e também a Libertadores”, disse o treinador tricolor. “Acho que o mais determinante foi o espírito que o time recuperou, de se entregar a cada disputa, em cada treinamento para conseguir os objetivos”, completou.

Sétimo colocado do Brasileirão, com 14 pontos, o Fluminense se prepara para enfrentar Atlético-GO, América-MG e Avaí na sequência da competição, antes de jogar contra o Cruzeiro pela rodada de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, no dia 21 de junho.