(FOLHAPRESS) – Era tudo o que o rei Charles 3º não queria. Desde que The Crown estreou, em 2016, sua maior preocupação em relação à série, que dramatiza os bastidores da família real, era a forma como seu relacionamento extraconjugal com Camilla Parker Bowles seria retratado. A hora chegou.

Nesta quinta temporada, iniciada dias atrás na Netflix, a traição a Lady Di não só terá destaque no desenrolar da trama, como um episódio inteiro será dedicado a um dos momentos mais embaraçosos do casal: uma conversa constrangedora do príncipe Charles e sua amante, Camilla, mais tarde vazada e apelidada de “Camillagate” ou “Tampongate”.

No episódio “The Way Ahead”, Dominic West e Olivia Williams reencenam o telefonema íntimo entre os dois, gravado ilegalmente em 1989 e anos depois transcrito e parodiado em todo o mundo. Na conversa, com seis minutos de duração, o então príncipe disse que gostaria de viver “dentro das calças” de Camilla e reencarnar como um Tampax (a marca de absorvente interno).

Seria um dos maiores memes de todos os tempos, mas em tempos pré-internet a imprensa se encarregou de tirar sarro da situação. Em janeiro de 1993, o jornal britânico Sunday Mirror e a People publicaram a transcrição completa da ligação -e como se ler aquilo tudo não fosse suficiente, uma linha telefônica foi criada para permitir que os interessados ouvissem o áudio real.

Havia também paródias de desenhos animados e esquetes de televisão -no Saturday Night Live, Dana Carvey terminou sua carreira interpretando Charles fantasiado de absorvente interno.

Para Sally Smith, biógrafa de Charles, o “Tampongate” foi um desastre de proporções incalculáveis para a popularidade do príncipe. “As pessoas começaram a questionar sua aptidão para ser rei”, diz.

A história estava lá quietinha, quase esquecida, até a Netflix resolver desencavá-la, para desespero do agora rei Charles 3º. Segundo a Vanity Fair, a família real chegou a assistir a alguns episódios de temporadas passadas de “The Crown” – Camilla as achou “divertidas”.

Mas o que vem por aí seria um pouco demais para a realeza e, principalmente, para o rei. “Ninguém da família real vai assistir, seria uma tortura”, afirma Ingrid Seward, editora-chefe da Majesty, revista mensal do Reino Unido totalmente dedicada à cobertura da realeza.