Mary Heiman estava passeando com seu cachorro ao redor de um lago no centro de Denver, nos Estados Unidos, quando um pássaro começou a voar desconfortavelmente perto de sua cabeça.

Antes que ela soubesse o que estava acontecendo, o pássaro “bateu com o corpo contra a parte de trás de sua cabeça, voou freneticamente e depois voltou para o mato”, disse ela dias atrás ao jornal “Denver Post”. Ataques de pássaros contra humanos estão se tornando mais comuns à medida que as pessoas continuam a se aproximar dos lugares onde aves fazem ninhos, alertam especialistas em vida selvagem. Andrea Jones, diretora de conservação de aves da organização ambientalista National Audubon Society, no Estado da Califórnia, diz que os ataques estão aumentando.

Corvo olha sem-teto na região central de Kiev, na Ucrânia, na quinta-feira (18) — Foto: Sergei Supinsky / AFP

“Isso acontece porque estamos invadindo os habitats das aves. Portanto, há mais interações entre humanos e pássaros.” A maioria dos incidentes ocorre quando as aves estão criando seus filhotes. As aves ficam muito defensivas nesta época e atacam até mesmo animais muito maiores do que elas, explica Jones.

Problema afeta outros países

Durante o tempo em que Jones passou estudando andorinhas em uma ilha no Estado de Massachusetts, ela foi frequentemente atacada por um bando barulhento e usou um chapéu para se proteger, já que os pássaros atacam a parte mais alta de seu alvo. Ornitólogos que estudam aves de rapina recorrem às vezes a capacetes usados por operários ao se aproximar de ninhos. Ante o aumento dos ataques, praticantes de corrida em Denver passaram a ter o costume de agitar os braços acima das cabeças enquanto treinam, para evitar serem atingidos por tordos-sargento.

Imagem de arquivo mostra águia e corvo brigando em pleno voo — Foto: Rob Griffith/AP

Isso também é um problema fora dos Estados Unidos. Um homem de Prestatyn, no País de Gales, foi aconselhado por autoridades a usar guarda-chuvas após questionar o governo como evitar ataques de gaivota em torno de sua casa. Ataques de corvos se tornaram tão frequentes em Vancouver, no Canadá, que uma vítima, Jim O’Leary, criou um site chamado CrowTrax para as pessoas informem estes incidentes. “Quase todo mundo tem um exemplo de um ataque de corvo”, disse O’Leary ao jornal “The Wall Street Journal”. Seu site já recebeu mais de 5.000 relatos, com um pequeno aumento no ano passado em relação ao anterior.

Depois que uma funcionária dos Correios foi repetidamente atacada por um corvo – conhecido na região por sua agressividade -, a Canada Post parou de entregar correspondência para várias casas em Vancouver. Durante a temporada de reprodução da ave conhecida na Austrália como magpie, os cidadãos compartilham dicas de como evitar serem atacados, incluindo usar um pote vazio de sorvete na cabeça com os olhos desenhados nele na esperança de confundir os pássaros. Algumas pessoas colam olhos de plástico ou tiras de alumínio em seus capacetes de bicicleta para evitar ataques como o registrado no vídeo abaixo.

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O que fazer em caso de ataque?

As mudanças climáticas também estão tendo um efeito nisso ao reduzir o habitat das aves, diz Andrea Jones, da National Audubon Society, como por exemplo quando uma seca no oeste dos Estados Unidos afetou zonas úmidas onde alguns pássaros costumam procriar. Em meio ao aumento de registro de ataques em redes sociais, Jones afirma ser improvável que os pássaros venham causando ferimentos nas pessoas. Especialistas afirmam que a maneira mais fácil de interromper um ataque é simplesmente deixar a área do ninho. E que não precisamos temer aves assassinas, como no clássico filme de terror de Alfred Hitchcock, Pássaros (1963). “Desde que as pessoas respeitem seu espaço, não acho que haverá uma epidemia de ataques de aves”, afirma Jones.

Fonte: Brazilian Press