Diante da possível saída do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) da disputa municipal no Rio, em 2024, o prefeito Eduardo Paes (PSD) busca se consolidar como único nome do Planalto na campanha pela Prefeitura da capital fluminense. Sem Flávio, Paes avança no jogo eleitoral e o governador Cláudio Castro ganha força no diretório de seu partido, o PL.

A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de barrar os planos do filho 01 de concorrer à Prefeitura do Rio, no ano que vem, tirou do páreo um dos principais adversários do atual prefeito na busca pelo quarto mandato à frente da capital. Paes aguarda agora a definição do adversário que representará o bolsonarismo na disputa.

A Coluna do Estadão mostrou que Bolsonaro esteve no Senado nesta quinta-feira, 18, para conversar com o primogênito e convencê-lo de que, politicamente, o melhor é cumprir o atual mandato. Pesquisas em poder do PL indicam que, se a eleição fosse hoje, Flávio perderia para Paes.

Com a saída do filho de Bolsonaro, Paes provavelmente enfrentará um nome do PSOL, que não deve compor sua base de apoio, e um representante do espólio bolsonarista na cidade. A decisão do grupo de Flávio reacende a disputa interna dentro do PL no Estado.

Ativos

Paes conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O embarque do PT no governo municipal foi aprovado pelos diretórios municipal e estadual da legenda. Apesar de Paes evitar o início das discussões sobre a campanha de 2024, o aval do partido e de Lula são dois dos principais ativos do prefeito na briga contra um candidato do bolsonarismo, que tem o Rio como berço político.

Aliados de Paes veem a saída de Flávio da disputa como uma oportunidade para o prefeito retomar conversas com Castro, em busca de uma coalizão. As alianças do PL no Estado e a influência do clã Bolsonaro na sigla, no entanto, tornam a parceria improvável.

Pessoas próximas de Jair Bolsonaro também observam que tanto o deputado e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello quanto o general da reserva Walter Braga Netto podem ampliar antigos problemas, caso o ex-presidente consiga concorrer novamente ao Planalto, em 2026. Braga Netto foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro, no ano passado.

Apesar de ter sido o segundo deputado mais votado do Rio, Pazuello está associado à política antivacina do governo Bolsonaro, e Braga Netto fez gestos simpáticos aos acampamentos diante dos quartéis, movimento que antecedeu à tentativa de golpe de 8 de janeiro. São dois temas dos quais o grupo quer se afastar.

Centro-direita

Outro nome que desponta para a eleição à prefeitura do Rio é o do deputado federal Dr. Luizinho (PP). Aliado de Castro, ele é visto como um político capaz de consolidar uma base de centro-direita, com o apoio de União Brasil, Republicanos, PL e MDB – siglas que compõem o primeiro escalão.

O deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ), por sua vez, tenta convencer o partido a apostar em sua candidatura, mas arranjos internos da cúpula do diretório estadual indicam uma composição com a base do governador.

Como mostrou o Estadão, os últimos escândalos de corrupção envolvendo a família Bolsonaro afastaram a possibilidade de uma candidatura de Flávio. Nos últimos dias, o grupo político avaliou vários fatores que levaram a esse diagnóstico.

Na lista estão o impacto das recentes denúncias de fraude no cartão de vacinas do ex-presidente e a retomada das investigações sobre rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho “02”. Além disso, a possível inelegibilidade de Bolsonaro também vem sendo levada em conta nas avaliações de cenários.