BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A presidente do PTB, Graciela Nienov, pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a reintegração de posse do diretório nacional do partido, em Brasília, e acusou o grupo político do ex-deputado Roberto Jefferson de impedir a sua entrada no local. Essa reintegração, solicitada pela defesa de Nienov, deve ser feita com a garantia de força policial.

Graciela também registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia do Distrito Federal contra Jefferson sob o argumento de que recebeu “mensagens com teor intimidatório” de pessoas ligadas ao ex-presidente da sigla.

Jefferson é presidente de honra da legenda e está em prisão domiciliar desde o dia 24 de janeiro por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele também está afastado do comando da legenda por ordem do magistrado.

O ex-deputado, que foi pivô do escândalo do mensalão no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e hoje é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), é investigado no inquérito que apura organização criminosa digital responsável por ataques às instituições e havia sido preso preventivamente em agosto do ano passado. Está proibido de se manifestar em rede social e é monitorado por tornozeleira eletrônica.

Já Graciela foi eleita em novembro passado como presidente nacional do partido, mas está em crise com o grupo de Jefferson.

Nesta semana, o ex-deputado afirmou que foi traído pela sucessora no comando da legenda e disse que iria demiti-la do cargo. Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson e ex-deputada federal, disse à reportagem que Graciela havia se comprometido a deixar o comando do partido.

Na ação judicial apresentada ao TSE, Graciela afirmou que aliados de Jefferson tentam assumir o comando do partido após ele ter sido transferido para prisão domiciliar.

Ela disse na ação que tem recebido mensagens intimidatórias de pessoas ligadas a Roberto Jefferson com o objetivo de retirá-la do cargo. Também afirmou que seus aliados não a deixam entrar na sede da legenda.

“Ou seja, está-se diante do inimaginável: não se dá acesso, à presidente de um partido, ao escritório do seu próprio diretório nacional. Esse [é] o nível [d]e interferência do ex-dirigente e seus coligados, senhor ministro”, diz a peça.

Cristiane Brasil afirmou ainda que está surpresa com a ação judicial. “Uma desobediência dessa deixa ainda mais clara a intenção maléfica desse grupo”, disse.

A ex-parlamentar afirmou que Graciela tornou-se líder da sigla em uma convenção de novembro passado que é contestada porque a ata da reunião não teria sido protocolada oficialmente. “Ela não é nada de direito. Ela está presidente de fato e será devidamente destituída”, disse.

Segundo Brasil, a atual presidente deve ser alvo de uma denúncia no conselho de ética do partido para ser retirada da chefia da legenda.

“Não por mim. Mas com certeza algum dos trabalhistas históricos, aqueles que ela tentou desmoralizar e destruir, vai dar a resposta no nível que ela merece. Ela já descumpriu ao menos cinco itens do estatuto do partido”, afirmou.