“Infelizmente, o presidente que deixou o poder no dia 31 de dezembro não quer reconhecer a sua derrota. Ainda hoje vi declarações dele em que ainda não reconhece a derrota”, disse o chefe de Estado, referindo-se a um vídeo que Bolsonaro publicou nas suas redes sociais, que mais tarde apagou, com declarações de um eleitor que questionava a fiabilidade das urnas de voto.

Num discurso perante um grupo de parlamentares, o líder progressista disse que os ataques contra a sede do Congresso, a Presidência e o Supremo Tribunal, perpetrados no domingo passado por milhares de apoiantes ‘bolsonaristas’, só podem ser atribuídos a grupos sem noção da realidade.

“Só posso considerar que se trata de um grupo de aloprados, um grupo de pessoas com pouco sentido do ridículo, porque já interpuseram recurso para os tribunais e os tribunais não só reafirmaram o resultado das sondagens, como também condenaram o partido que contestou as eleições a pagar uma multa pesada”, disse.

Nesse sentido, Lula  afirmou que não gostaria de pensar que o que aconteceu no domingo foi uma tentativa orquestrada de um “golpe de Estado”.

“Não gostaria de pensar que o que aconteceu foi um golpe de Estado. Talvez tenha sido algo de menor importância, algo promovido por um grupo de aloprados que não aceitou que as eleições acabaram e que não querem aceitar que a urna eletrônica é possivelmente o modelo eleitoral mais perfeito do mundo”, adiantou.

Do mesmo modo, referiu que em poucas ocasiões na história republicana brasileira os resultados eleitorais foram questionados, especialmente desde que o país adotou o sistema de votação eletrónica e recordou ter telefonado os seus adversários para os felicitar, após as três eleições presidenciais que perdeu (1989, 1994 e 1998).

Luiz Inácio Lula da Silva venceu a segunda volta das eleições presidenciais por menos de dois pontos percentuais sobre o líder da extrema-direita, que ao longo da campanha eleitoral questionou a fiabilidade do sistema de votação eletrónica do Brasil.

No seu encontro com os parlamentares, Lula agradeceu ao Senado e à Câmara dos Deputados por terem aprovado em tempo recorde o decreto que nomeia um interveniente para se encarregar da segurança em Brasília após os ataques de domingo, aparentemente facilitados por omissões por parte de algumas autoridades.

“Com este decreto estamos afirmando que devemos punir aqueles que não querem respeitar a lei e a ordem democrática que tivemos tanta dificuldade em alcançar em 1989 [com a aprovação da Constituição após a ditadura militar]”, disse.