MÔNICA BERGAMO (FOLHAPRESS) – A decisão de não ser ministro no governo de Lula (PT) partiu do próprio vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Antes mesmo de a vitória do petista ser confirmada nas urnas, ele já ponderava que a melhor forma de ajudar o presidente eleito seria na função de co-piloto -a mesma que exerceu quando foi vice de Mario Covas no Governo de São Paulo.

Na época, o ex-tucano chegava a tomar notas para o governador nas reuniões de secretariado, para depois ajudá-lo a cobrar resultados da equipe. Acabou ganhando a confiança máxima de Covas, que durou até o dia da morte do tucano, em 2001.

Lula, que estava disposto a indicar Alckmin para o ministério que ele desejasse ocupar, afirmou ao companheiro de chapa, quando o martelo foi batido: “Você será tratado como presidente da República”.

A promessa foi cumprida: Alckmin assumiu a coordenação da transição e tem hoje mais destaque do que qualquer outro personagem do entorno do petista.

A expectativa é que Alckmin tenha protagonismo na rotina do governo, e que assuma de fato a Presidência da República em diversas ocasiões -já que Lula deve cumprir extensa agenda no exterior.

As relações internacionais serão prioritárias para o petista, que goza de grande prestígio em outros países, e pretende usá-lo para alavancar investimentos externos no Brasil.

Na quinta (10), Lula afirmou em entrevista que Alckmin não seria ministro. “Eu fiz questão de colocar o Alckmin como coordenador para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente”, declarou.

Alckmin fora do governo acabou sendo um banho de balde gelado em integrantes do setor financeiro, que imaginaram, durante a campanha, que ele poderia ser o nome forte da Economia no governo Lula. O então candidato petista levava o vice a diversos encontros com o empresariado.