Um dentista que atua na zona leste de São Paulo é investigado por policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) por suspeita de aplicar golpes em instituições financeiras. Segundo a Polícia Civil, ele tirava foto de supostos pacientes e solicitava, em nome de outras pessoas, financiamento para realizar tratamentos odontológicos. Os procedimentos, porém, não eram feitos. O crime teria resultado em prejuízo de ao menos R$ 300 mil.

Nomeada Fada do Dente, a operação para investigar o dentista teve sua primeira ação realizada nesta quarta-feira, 3. Uma equipe com cerca de 20 policiais da 4ª Delegacia DCCiber (Investigações sobre Lavagem e Ocultação de Ativos Ilícitos) cumpriu cinco mandados de busca e apreensão na capital paulista e no município de Taboão da Serra, na Grande São Paulo. O suspeito foi indiciado por estelionato e as investigações continuam.

Conforme as investigações da polícia, o dentista, que tem cerca de 30 anos de idade, fotografava pacientes atendidos em seus dois consultórios – ambos localizados na zona leste da capital paulista – e dizia que as imagens seriam usadas apenas para os tratamentos.

As investigações apontam que ele, então, combinava o material coletado com dados vazados de outras pessoas e abria solicitações de financiamento em instituições financeiras para realização de tratamentos dentários. Os procedimentos nunca teriam sido feitos, mas a polícia estima que ao menos 30 pedidos falsos de financiamento foram deferidos, totalizando um prejuízo de ao menos R$ 300 mil.

“A instituição financeira identificou, através de um setor antifraude, e fez a comunicação para a polícia”, disse o delegado Thiago Chinellato, titular da 4ª Delegacia DCCiber. Segundo as investigações, o crime estaria ocorrendo há pelo menos dois meses, sempre com o mesmo modus operandi.

“As pessoas das quais ele colocava foto não eram as mesmas dos documentos, ele casava as informações. Pegava pessoas aleatórias e informações de documentos de outras pessoas”, explicou o delegado.

Os policiais ainda estão investigando se algumas delas têm relação com o crime. “A princípio, seriam vítimas. A gente não tem conhecimento de que essas pessoas que se deixaram fotografar tenham envolvimento no fato. Isso por enquanto, mas as investigações vão seguir.”

No caso das pessoas que tiveram os dados usados juntos às fotos de supostos pacientes, o delegado disse que já estaria mais claro que se tratam de vítimas de dados vazados. “A operação indicou que, efetivamente, ele (dentista) se utilizava desses recursos para obter vantagem indevida sem prestar qualquer serviço a essas pessoas que ele indicou como beneficiárias do financiamento.”

As investigações da Operação Fada do Dente começaram há cerca de três meses. Ao todo, cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Grande São Paulo nesta quarta. O dentista foi indiciado e a ação permitiu ainda apreender documentos e aparelhos eletrônicos que teriam sido utilizados nas fraudes. As investigações prosseguem.